São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 2011 |
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Nova associação de drogas é promessa contra obesidade Em estudo com 2.400 pessoas, combinação entre antiepiléptico e derivado da anfetamina foi eficaz Medicamento é visto com otimismo por endocrinologistas, mas clínico aponta risco de dependência GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO Uma nova droga que combina uma substância anticonvulsiva e um derivado da anfetamina é a nova promessa da indústria farmacêutica para combater a obesidade. O medicamento foi testado em um estudo com mais de 2.400 pessoas que apresentavam obesidade ou sobrepeso e que tinham pelo menos duas doenças associadas, como hipertensão e diabetes. A pesquisa foi conduzida pela Universidade Duke, nos Estados Unidos, e financiada pelo laboratório Vivus. É esse laboratório que aguarda a aprovação do medicamento pela FDA (agência reguladora americana). Os participantes foram divididos em três grupos e acompanhados durante 56 semanas. No grupo que tomou a dose maior da droga, a perda de peso média foi de 9,8%. No grupo que tomou a dose menor, a média foi de 7,8%. Já no grupo placebo, que só se submeteu a um programa de dieta, a média da perda de peso foi de 1,2%. Os resultados foram publicados anteontem na edição virtual do periódico "Lancet". Segundo endocrinologistas consultados, a medicação é a nova promessa no combate à obesidade. Mas, segundo o clínico-geral Paulo Olzon, da Unifesp, a droga pode causar dependência. ARSENAL O remédio é uma combinação de fentermina -derivado da anfetamina que inibe o centro da fome no cérebro- e topiramato -um anticonvulsivo que atua na compulsão por comida. Segundo o endocrinologista Alfredo Halpern, chefe do grupo de obesidade do Hospital das Clínicas, a associação das duas drogas é "uma excelente opção". Além disso, diz ele, permite uma dosagem menor de fentermina do que a usada nos EUA, onde é liberada. "A vantagem é a sinergia. A dosagem pode ser baixa sem comprometer o resultado." "Estamos desesperadamente procurando remédios para emagrecer, porque o arsenal contra obesidade é pequeno", diz o especialista. Ricardo Meirelles, membro da Sociedade Brasileira de Endocrionologia e Metabologia, concorda. "Emagrecedores que conseguem causar mais do que 5% de perda de peso são promissores. Esse beirou os 10%", afirma. O cardiologista Raul Dias dos Santos, do InCor, afirma que a redução na pressão arterial é outro atrativo do tratamento e o torna superior a outros remédios emagrecedores já disponíveis. "O uso de sibutramina [inibidor de apetite] tende a aumentar a pressão arterial e a incidência de derrames. Esse remédio fez o contrário." Mas segundo Paulo Olzon, professor de clínica médica na Unifesp, existem falhas na metodologia do trabalho. "O estudo não justifica os critérios que usou para determinar os efeitos colaterais", diz o professor. REAÇÕES Olzon afirma, também, que o remédio pode causar dependência. "A pessoa pode se condicionar psicologicamente a emagrecer só por meio do remédio." Os efeitos colaterais já observados para essa associação de drogas incluem insônia, irritabilidade, depressão, dor de cabeça e tontura. Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Alimentação: Teste mostra que frozen é sorvete e não iogurte Índice | Comunicar Erros |
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