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Mel pode ser nova arma contra bactérias resistentes
Substância achada no alimento e batizada de "defensin 1" combate infecções que não respondem a antibióticos, dizem cientistas
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Cientistas da Universidade
de Amsterdã não apenas
comprovaram a ação antibacteriana do mel como mostraram que ele pode neutralizar bactérias resistentes a antibióticos, como Staphylococcus aureus e E. coli.
Os pesquisadores também
deram um passo além na
busca de novas formas de
prevenir e tratar infecções ao
descobrir qual é a substância
do mel que tem essa ação.
Batizada com o sugestivo
nome de defensin-1, trata-se
de uma proteína presente no
organismo das abelhas, por
elas acrescentada ao mel.
"É importante encontrarmos produtos naturais que
desativam bactérias. Eles
não têm a toxicidade dos medicamentos e podem ser usados em quantidades maiores", diz o infectologista Marcos Boulos, da Faculdade de
Medicina da USP.
O uso popular do mel para
tratar sintomas como dor de
garganta mostra que ele tem
alguma eficácia, segundo
Boulos. Porém, o mel "in natura" não oferece garantia de
controle da infecção.
"Além da questão da qualidade do mel, não sabemos
se a substância ativa foi ingerida em concentração suficiente. A vantagem da pesquisa foi isolar a substância,
o que pode levar ao desenvolvimento de produtos eficazes para cura e prevenção
de infecções", diz o médico.
Segundo o cardiologista e
nutrólogo Daniel Magnoni, o
mel é um nutriente de alto
valor energético, que pode
ajudar o sistema imunológico, mas o uso contra infecções ainda tem que ser muito
estudado.
Durval Ribas, presidente
da Associação Brasileira de
Nutrologia, diz que há alguns estudos mostrando a
ação anti-inflamatória e bactericida do mel em infecções
de pele. "Mas ainda não podemos confirmar o uso médico", acrescenta.
Para os autores da pesquisa, publicada no jornal da Federação das Sociedades
Americanas para Biologia
Experimental, o mecanismo
de ação foi esclarecido.
Eles afirmam que tanto o
mel quanto a substância antibacteriana isolada (a defensin 1) têm alto valor na prevenção e no tratamento de
infecções por bactérias resistentes a antibióticos.
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