São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 2011

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Instituto do Câncer usa ultrassom antitumor

Novo aparelho emite ondas concentradas de alta intensidade para destruir o câncer

Máquina instalada em SP é a única da América do Sul; tratamento está sendo usado contra miomas no útero

Joel Silva/Folhapress
Técnicos colocam paciente em aparelho, no Instituto do Câncer

IARA BIDERMAN
DE SÃOPAULO

Um novo aparelho de ultrassom que destrói tumores começou a ser usado no Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).
O equipamento de última geração usa ondas de alta intensidade, que atingem só o tumor -elas são direcionadas com auxílio da ressonância magnética.
O tratamento dura de três a quatro horas e dispensa cortes.
O paciente permanece consciente o tempo todo. As aplicações clínicas já estabelecidas são para miomas e metástases ósseas. O Icesp já fez seis tratamentos em miomas e vai começar a tratar os tumores nos ossos na próxima semana.
A previsão é usar a técnica em pesquisas clínicas para outros tipos de câncer. O ultrassom com foco de alta intensidade está sendo testado para tumores cerebrais, de mama e de próstata, nos EUA, na Europa e na Ásia. O Icesp também está desenvolvendo pesquisas para levar remédios ao tumor com auxílio do aparelho.
Nesse tipo de tratamento, quimioterápicos em alta concentração são "envelopados" em cápsulas sensíveis ao calor.
Aquecidas pelo ultrassom, liberam a droga apenas no local do câncer. O aparelho, chamado Hifu (ultrassom com foco de alta intensidade, na sigla em inglês), foi desenvolvido por uma empresa israelense. O Estado de São Paulo pagou R$ 1,5 milhão por ele.
Segundo Marcos Menezes, radiologista do Icesp e do Hospital Sírio-Libanês, o novo aparelho emite ondas 20 mil vezes mais intensas que as do ultrassom comum, usado em exames de imagem.
São emitidos mais de mil feixes de ondas, que se concentram na área a ser atingida, em um foco de 1 mm de diâmetro. O processo é similar ao da lente de aumento, que focaliza múltiplos raios de luz em um único ponto.
Cada feixe de ultrassom isoladamente passa pelos tecidos sem causar dano. É só onde os feixes convergem que acontece o superaquecimento que queima o tumor.
"A tecnologia de ultrassom é antiga. A diferença é o uso da ressonância para localizar o tumor e direcionar o feixe de energia", diz Menezes.

RESTRIÇÕES
O cirurgião oncológico Ademar Lopes, do Hospital A.C. Camargo, diz que o uso cirúrgico do ultrassom está no início. "Precisamos de mais pesquisas para comprovar a eficácia e saber se os tumores não voltam."
O secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Giovanni Cerri, diz que é vocação do Icesp incorporar novas tecnologias para pesquisas na área da oncologia. "A vantagem do ultrassom é que é totalmente não invasivo".
Menezes lembra que a tecnologia, embora segura, tem limitações: "Dependendo da localização do tumor, não pode ser usada. Se as ondas cruzam órgãos onde há gases, como pulmão ou intestino, elas são refletidas e podem queimar os tecidos em volta."
O aparelho também não pode ser usado em pessoas que usam marca-passo ou têm próteses metálicas.


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