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Um terço dos brasileiros sofre de dor na coluna
Pesquisa envolveu mais de 12 mil pessoas de todas as regiões do país
Má postura e sobrepeso são algumas das causas do problema que só perde para dor de cabeça no ranking mundial dos desconfortos
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A dor nas costas é a doença
crônica mais comum entre os
brasileiros. É, também, a menos tratada, apesar de ser percebida precocemente. O problema afeta 36% da população,
e 68% dos atingidos buscam
tratamento.
Os dados são de um estudo
inédito feito pela Escola Nacional de Saúde Pública, ligada à
Fiocruz. Os pesquisadores entrevistaram 12.423 pessoas
com mais de 20 anos, de todas
as regiões do Brasil. As informações foram levantadas em
2008 e podem ser extrapoladas
para todo o país.
A descoberta da dor na coluna em idade precoce (aos 38
anos, em média) é uma das explicações para a menor busca
por tratamento, se comparamos o problema com artrite e
reumatismo, doenças que afetam 13% da população, e 78%
desses pacientes se tratam.
No caso do problema na coluna, como a pessoa está em idade produtiva, deixa em segundo
plano a necessidade de investigar as causas da dor.
O fato de a doença não ter implicações imediatas na saúde
do paciente também contribui.
"A pessoa não se percebe
com limitação e não sabe quanto tempo vai levar para isso se
tornar uma doença de base de
fato. Sobre as doenças cardiovasculares se fala muito, a
maioria sabe que podem causar
sérias complicações", explica a
epidemiologista Mônica Campos, uma das pesquisadoras.
A coluna é a segunda maior
fonte de dor no mundo, atrás
somente da cabeça. A Organização Mundial da Saúde estima
que 80% da população mundial
sofrerá ao menos um episódio
de dor nas costas na vida.
Entre as principais causas estão tumores, cistos, lesões nos
nervos, nas vértebras e nos discos e, principalmente, má postura, fraqueza dos músculos da
região, tabagismo e obesidade.
"Os índices estão corretos,
por uma razão simples: a coluna tem suas regras, e elas não
são obedecidas. Isso torna o
problema uma calamidade",
diz o reumatologista José Goldenberg, professor da Unifesp e
autor do livro "Coluna: Ponto e
Vírgula" (ed. Ateneu).
As regras estão relacionadas
ao estilo de vida do paciente,
que contribui para o aumento
de casos de dor nas costas: má
postura, sedentarismo e obesidade estão ligados ao problema.
Imagem
Segundo Goldenberg, 80%
das pessoas com dor melhoram
com alterações nos hábitos.
"De cada dez pacientes que
me encaminham para uma segunda opinião sobre cirurgia de
coluna, nove não precisam. Essas pessoas não foram orientadas a parar de fumar, emagrecer, não receberam orientação
psicológica. Querem tratar a
imagem, o raio-X."
Para o ortopedista Sérgio
Zylberstejn, presidente do Comitê de Coluna da Sociedade
Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, essa dor é pouco
compreendida, e os sintomas,
minimizados. "Esse problema
pode impactar na qualidade de
vida do paciente, impedir a locomoção. O tratamento tem de
ser dirigido para a causa, não
para a consequência."
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