São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2011

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País aprova uso de botox contra enxaqueca

Toxina botulínica, aplicada em tratamentos estéticos, poderá ser injetada em pacientes com dor de cabeça crônica

Injeções reduzem número de dias em que pacientes têm sintomas; aplicação foi liberada neste mês

DENISE MENCHEN
DO RIO

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso de injeções de botox para o tratamento de enxaqueca crônica. Antes do Brasil, só EUA e Inglaterra haviam autorizado a aplicação do produto no tratamento da doença.
A aplicação do botox, marca da farmacêutica Allergan para a toxina botulínica tipo A, foi aprovada como uma forma de prevenir crises.
A substância é injetada em até 39 pontos da cabeça e do pescoço do paciente. O mecanismo de ação da droga não é totalmente conhecido.
Acredita-se que a toxina iniba a inflamação dos vasos sanguíneos da cabeça e que ela altere a percepção da dor.
A enxaqueca é causada por um desequilíbrio bioquímico de origem hereditária que leva à inflamação de vasos sanguíneos da cabeça.
As crises podem ser desencadeadas por fatores hormonais, alimentares ou emocionais. Jejum prolongado e estresse são alguns dos "gatilhos" da dor.

EFEITO TERAPÊUTICO
A toxina é feita pela bactéria causadora do botulismo, doença que leva à paralisia muscular e até à morte.
Seu uso terapêutico foi aprovado pela primeira vez há 20 anos, nos EUA, para tratar estrabismo.
Desde então, passou a ser usada no tratamento de mais de 20 problemas estéticos e de saúde, das rugas às sequelas de derrames.
Na maioria dos casos, o benefício à saúde é obtido porque a toxina deixa os músculos mais relaxados.

MENOS DIAS
Para aprovar a indicação do botox contra enxaqueca, a Anvisa usou uma pesquisa com 1.384 voluntários nos Estados Unidos e na Europa.
O estudo mostrou que, após seis meses de tratamento, aqueles que receberam aplicações de botox tiveram 8,6 dias a menos de enxaqueca por mês. Entre os que receberam placebo, a queda foi de 6,6 dias.
A enxaqueca é considerada crônica quando o paciente tem episódios de dor ao menos 15 dias por mês, por três meses seguidos.
Apesar de pequena, "a diferença é estatisticamente significativa", afirma o neurologista Elder Sarmento, presidente da Sociedade Latino-Americana de Cefaleia.
Segundo ele, os efeitos colaterais mais comuns do tratamento são dor no pescoço, fraqueza muscular e cefaleia.
O efeito da toxina é temporário, e, por isso, o tratamento precisa ser repetido, com periodicidade de três a seis meses. "O botox não é a solução, mas é uma nova alternativa para o tratamento", afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Marcelo Ciciarelli.


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