São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2011

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Bom mesmo é ser o macho beta, afirma estudo com babuínos

Os alfas, ou líderes do bando, sofrem mais com estresse entre macacos do Quênia

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE

Homens mundo afora se estapeiam para ser o macho alfa, o líder, o primeiro em suas áreas. Mas, se um estudo feito com babuínos do Quênia estiver correto, o melhor para a saúde é estar um pouco abaixo na hierarquia.
É o que indica um levantamento feito por Laurence Gesquiere, da Universidade Princeton (Estados Unidos).
Após medir os hormônios do estresse milhares de vezes em centenas de macacos em seu ambiente natural, o cientista e seus colegas verificaram que os babuínos alfa, líderes de seus bandos, sofrem tanto com o problema quanto os bichos que estão no buraco, na parte mais baixa da hierarquia de seus grupos.

SAÚDE SOCIAL
Os biólogos já sabem há tempos que, tanto entre animais quanto entre pessoas, a posição social pode fazer muita diferença para a saúde do corpo e da mente.
Muitos desses dados vêm das pesquisas pioneiras de Robert Sapolsky, da Universidade Stanford, que também estudou a mesma espécie de babuínos do novo trabalho, conhecida como Papio cynocephalus. Os bichos são interessantes por causa de sua estrutura social complexa, que mais lembra a de uma família de mafiosos amante da pancadaria e do bullying.
Nesses bandos, os indivíduos "das classes baixas" levam tanta pancada que vivem com medo da próxima desfeita. Os níveis altos de hormônios do estresse os fazem ter problemas com parasitas, pressão alta e diabetes.
Mas a nova pesquisa, publicada na revista "Science", sugere que os machos alfa têm níveis semelhantes de hormônios nocivos.
Isso provavelmente acontece porque eles precisam lidar o tempo todo com desafios à sua autoridade e com acasalamentos constantes com as fêmeas do grupo (os quais, por mais que sejam prazerosos, também demandam energia dos bichos).
Já a situação dos betas, os que estão logo abaixo dos alfas na hierarquia, é mais equilibrada do ponto de vista hormonal, escrevem os cientistas, porque eles não precisam lidar com o medo constante de serem destronados por seus rivais.


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