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Apêndice já pode ser extraído pelo umbigo
Nova cirurgia de apendicite é mais simples e menos invasiva que a videolaparoscopia e não deixa cicatriz visível
Até o momento, procedimento foi usado em 15 crianças e jovens; paciente tem alta dois dias depois da operação
JULIANA VINES
SÃO PAULO
Uma nova técnica para a
cirurgia de apendicite permite a retirada do órgão pelo
umbigo sem deixar cicatriz.
O procedimento é feito
com uma só incisão e é mais
simples do que a videolaparoscopia tradicional - com
três orifícios- ou mesmo do
que as chamadas cirurgias
de porta única, mais recentes, feitas com apenas uma
incisão, mas que usam equipamentos específicos.
A apendicite é a inflamação e infecção do apêndice
-órgão em forma de dedo
entre o intestino grosso e o
delgado. Quando acontece a
inflamação, o apêndice precisa ser extraído.
"Além de ser minimamente invasiva, a técnica é simples e barata. Pode ser feita
em larga escala", diz o cirurgião Sylvio Avilla, do Hospital Infantil Pequeno Príncipe, em Curitiba.
Desde o começo de setembro a técnica já foi aplicada
em 15 crianças e adolescentes de 4 a 16 anos. Os pacientes têm alta em até dois dias.
A cirurgia é uma mistura
entre a videolaparoscopia e a
operação tradicional (corte
de quatro centímetros).
"Fazemos a incisão de
aproximadamente dois centímetros dentro do umbigo e
o apêndice é puxado para fora da barriga. A extração é externa, como no procedimento tradicional", explica o cirurgião pediátrico.
Apesar de até agora a cirurgia só ter sido feita em
crianças, o médico não vê impedimentos em usá-la em
adultos. "Adolescentes que
operamos já têm estrutura física de um adulto."
"PORTA ÚNICA"
Para o médico Marco Aurélio Santo, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital das
Clínicas de São Paulo, a técnica é novidade.
"Fala-se em cirurgia por
um único orifício, mas fazendo a extração internamente,
e com pinças adaptadas. Não
conheço a técnica, mas vejo
com cautela. Talvez em
criança seja mais aplicável."
A cirurgia externa pelo
umbigo é possível, de acordo
com Avilla, porque o apêndice fica em uma região maleável. "Tem como puxar os órgãos para fora do umbigo e
depois retornar à posição."
Outra vantagem, segundo
ele diz, é que, com menos incisões, há menor risco de
complicações. A indicação
da cirurgia, porém, é para pacientes que não estejam em
um estágio avançado de inflamação ou em fase de suporação do apêndice.
Segundo o médico Alexandre Miranda Duarte, membro
do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, procedimentos de
porta única, de forma geral,
ainda estão em avaliação.
"Desconheço essa técnica,
mas cirurgias por um único
orifício não são regra geral.
Cada apendicite é de uma
forma", afirma.
Mariana Benfica da Silveira, 13, foi a primeira a passar
pela cirurgia. Quando soube
que estava com apendicite,
seu medo foi ter de parar de
nadar por muito tempo.
A menina pratica natação
duas horas por dia e participa de campeonatos. "Pensei
que demoraria, mas foi rápido. Não faltei na escola nenhum dia e voltei a treinar
em três semanas."
Cirurgias de apêndice são
mais comuns em crianças e
jovens do que em adultos. "É
a época de maior incidência
da doença", afirma o cirurgião Marco Aurélio Santo.
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