São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2011

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Tratamento está se disseminando no país

Jim Wilson/"The New York Times"
Médicos na Universidade da Califórnia usam máquina para bombear químio aquecida

MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO

O número de cirurgias de remoção de tumores seguidas por quimioterapia aquecida tem aumentado no país, de acordo com especialistas.
Segundo Paulo Hoff, diretor do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) e chefe do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, o tratamento tem ganhado mais adeptos.
"Para alguns pacientes funciona bem, você começa a se animar."
Samuel Aguiar Junior, cirurgião oncológico e diretor do núcleo de tumores colorretais do Hospital A.C. Camargo, confirma a tendência.
"Publicações mostram que a cirurgia mais a quimioterapia hipertérmica têm taxas de sobrevida de 22 meses a 30 meses, o que é surpreendente para metástase no peritônio [membrana que reveste internamente o abdome]."
O tratamento é feito nessas três instituições -Icesp, Sírio-Libanês e, desde 2001, no A.C. Camargo, pioneiro na técnica no Brasil. Mas esse tratamento, muito invasivo, só é indicado em casos específicos de metástase no peritônio.
Os melhores resultados são de pacientes com tumores que se originaram no apêndice e no próprio peritônio.
Além disso, não pode haver grande quantidade de tumores na membrana nem em outros órgãos do corpo, diz Aguiar Junior.
Hoff afirma ainda que a condição clínica do paciente precisa ser boa, já que essa é uma cirurgia agressiva, extensa e com alto risco de complicações, como infecções.
"O benefício em potencial tem de ser maior que o risco. É preciso deixar claro para o paciente que a doença pode voltar depois da cirurgia", afirma Hoff.

O CASO ALENCAR
Segundo Ademar Lopes, cirurgião oncológico do A.C.Camargo, o paciente que é submetido a esse tratamento em geral já foi operado, fez químio e não tem alternativas melhores.
Foi o caso do ex-vice-presidente José Alencar (1931-2011), que se submeteu ao tratamento em 2009, em uma cirurgia que durou 17 horas.
"O caso dele era extremo. A cirurgia era controversa pelo risco da idade e por problemas cardíacos, mas ele disse: 'Quero fazer porque não tenho outra alternativa'", lembra Lopes, que operou José Alencar.


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