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Plantão Médico
O sobrevivente do terremoto
JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA
A tragédia no Haiti, resultante do terremoto, não se limita apenas aos mortos. Deixa sequelas físicas e mentais
nos sobreviventes.
Os traumas físicos recebem atenção médica imediata após o resgate, mas, em
quem não sofreu esse tipo de
traumatismo, com frequência é observado o transtorno
do estresse pós-traumático.
O psiquiatra Roy H. Lubit,
da Faculdade de Medicina da
Universidade de Nova York,
divide em fases a resposta
emocional do sobrevivente
de um grave desastre.
Inicialmente, é a fase de
impacto: nos primeiros dias,
os sobreviventes apresentam-se em estado de choque,
permanecendo ainda confusos e assustados.
Segue a fase de crise, em
que o impacto inicial do desastre foi absorvido e eles
podem ficar com raiva dos
socorristas que eventualmente estão incapazes de
atendê-los organizadamente
em meio ao caos.
Um ano após o desastre
começa a fase de resolução e
frequentemente de tristeza,
culpa e depressão.
Finalmente, vem a fase de
reconstrução, com uma reavaliação e integração do
ocorrido dentro de um conceito do sobrevivente.
Mas não são apenas as
pessoas que escaparam da
morte que podem ser afetadas pelo transtorno.
Os socorristas voluntários
também podem desenvolver
os mesmos sintomas. Às vezes até na proporção de um
em cada três em situações
extremamente graves e estressantes de resgate de feridos, assegura Lubit.
julio@uol.com.br
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