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Dono fecha a clínica onde três morreram
Local em Santa Catarina não tinha permissão para fazer endoscopia, só consultas
JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO
O médico dono de uma clínica em Joaçaba (SC), onde
três mulheres morreram em
maio após se submeterem a
um exame de endoscopia,
pediu o cancelamento do alvará do estabelecimento na
prefeitura da cidade.
A clínica já foi fechada pelo proprietário.
De acordo com a prefeitura
e a Polícia Civil, o local tinha
apenas alvará para funcionar
como consultório e não poderia realizar os exames de
endoscopia.
Na semana passada, um
relatório divulgado pela Vigilância Sanitária de Santa Catarina apontou que as mortes
foram causadas pelo uso errado do anestésico dado aos
pacientes.
Segundo o relatório, na
falta da versão em spray do
anestésico, o dono da clínica,
o gastroenterologista Denis
Conci Braga, diluiu a lidocaína em água e ordenou aos
pacientes que a ingerissem.
O procedimento não era
indicado pela bula do medicamento e contraria as orientações da Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária), que proíbem a ingestão do anestésico.
De acordo com informações do relatório, a clínica
não possuía pessoal especializado nem tinha equipamentos de suporte para fazer
as endoscopias.
Segundo o advogado do
médico, Germano Bess, Braga já entregou o imóvel para
o proprietário. O advogado
afirma ainda que o gastroenterologista pretende reabrir a
clínica em outro lugar.
De acordo com a prefeitura, a Secretaria de Fazenda
do município vai analisar as
notas fiscais da clínica para
acatar ou não o pedido de
cancelamento. O processo
deve demorar ainda cerca de
uma semana.
AFASTAMENTO
O advogado de Braga diz
que o relatório da Vigilância
Sanitária foi prematuro porque o órgão não realizou um
exame laboratorial dos medicamentos.
A análise dos medicamentos e dos tecidos das vítimas
ainda está sendo feita pelo
Instituto Geral de Perícias do
Estado. A polícia aguarda a
entrega do relatório para
concluir o inquérito.
Denis Braga chegou a ser
preso após a morte de duas
pacientes, mas pagou fiança
de R$ 2.500 e foi solto. Uma
adolescente de 15 anos que
também foi submetida ao
exame foi internada em estado grave e morreu duas semanas depois.
Um dia após as mortes, a
clínica foi interditada, mas
reabriu horas depois.
Segundo a Vigilância Sanitária, quatro fiscais sanitários foram afastados dos trabalhos por 50 dias por suspeita de autorizar irregularmente a reabertura do local e
descumprir ordens dadas
por superiores.
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