São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2010

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Estudo diz que trauma cerebral pode imitar doença de Lou Gehrig

Jogador de beisebol pode ter morrido em razão de lesões no esporte

ALAN SCHWARZ
DO "NEW YORK TIMES"

Um artigo publicado hoje no "Journal of Neuropathology & Experimental Neurology" sugere que a morte de atletas como o jogador de beisebol Lou Gehrig (1903-1941) e de soldados que receberam o diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica (ELA) -conhecida como doença de Lou Gehrig- pode ter sido causada por lesões que só agora vêm sendo entendidas: concussões e outros traumatismos cerebrais.
Embora o artigo não trate especificamente do jogador, seus autores reconheceram a implicação clara: que Lou Gehrig talvez não tenha tido a doença de Lou Gehrig.
Médicos no Centro Médico para Assuntos de Veteranos, em Bedford, Massachusetts, e na Escola de Medicina da Universidade de Boston disseram que as marcações nas medulas espinhais de dois jogadores e um boxeador que também receberam o diagnóstico de ELA indicam que eles não sofriam da doença.
Tinham outra doença, causada por trauma semelhante a uma concussão cerebral, que erode o sistema nervoso central . A descoberta pode redirecionar o estudo da degeneração motora entre atletas e veteranos que vêm recebendo diagnósticos de ELA. Pacientes com histórico de traumatismos podem ser avaliados para tratamentos diferentes no futuro, levando a novos caminhos de cura.
"A maioria dos pacientes de ELA não vai a autópsia", disse Briam Crum, professor de neurologia na Clínica Mayo. "Mas uma doença pode ter aparência de ELA ou de Alzheimer e, quando você examina o tecido, não ser."
A relevância das descobertas para Lou Gehrig não é tão clara. Mas o jogador dos Yankees tinha um histórico de concussões cerebrais sofridas nos campos de beisebol e quando era jogador de futebol americano no colégio.
"Lou Gehrig é o rosto de sua doença, mas pode ter tido uma doença diferente, resultante de sua experiência como atleta", disse Ann McKee, diretora do laboratório de neuropatologia dos Centros Médicos da Administração de Veteranos na Nova Inglaterra e chefe do estudo.
A descoberta reforça uma conexão da qual já se suspeitava entre doenças motoras semelhantes à ELA e traumatismos cranianos sofridos em combates e esportes.
Segundo a Associação ELA, 30 mil pessoas nos EUA sofrem da doença incurável, que afeta mais os homens na faixa dos 40 a 70 e resulta na atrofia acelerada do controle muscular voluntário.
Lou Gehrig teria sido sua primeira vítima famosa. Morreu dois anos após o diagnóstico. Outras, como o físico britânico Stephen Hawking, 68, podem viver por décadas com cérebros intactos em corpos que definharam.

Tradução de CLARA ALLAIN

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