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Brasil ganha novo método de laqueadura
Técnica, que consiste na colocação de um clipe de titânio e silicone na tuba uterina, tem 90% de chance de ser revertida
Laqueadura tradicional é menos reversível, mais invasiva e danifica mais as tubas; eficácia do novo procedimento é de 99,76%
FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO
Está sendo lançado hoje no
Brasil um novo método de laqueadura que tem mais chance
de ser revertido caso a mulher
se arrependa. Trata-se de um
clipe de titânio e silicone que
comprime as tubas, impedindo
que ocorra a fecundação.
Chamado Filshie Clip, o clipe
danifica só 4 mm da tuba. No
método tradicional, em que o
órgão é amarrado e cortado, a
lesão é de até 5 cm. Segundo o
ginecologista Waldir Modotti,
professor da Unesp de Botucatu, de 20% a 35% das pacientes
se arrependem da laqueadura.
"Quando vamos recanalizar,
precisamos do máximo possível de trompa sadia."
A eficácia do clipe é de
99,76%, e a taxa de reversão, de
90% -no caso das técnicas
mais usadas no país, a chance
de reversão varia de 50% a 70%.
Ele reduz a chance de ocorrer
a síndrome pós-laqueadura,
que traz sintomas como irregularidade menstrual e deficiência na ovulação e afeta cerca de
80% das mulheres submetidas
ao método convencional.
Modotti estuda o Filshie Clip
desde os anos 80 e propôs um
meio menos invasivo de colocá-lo -por microlaparoscopia. O
clipe também pode ser aplicado
por laparoscopia comum, um
pouco mais invasiva, ou por cirurgia aberta, mais invasiva
ainda. A colocação por microlaparoscopia é ambulatorial, com
anestesia local e sedação. A cicatriz também fica menor.
A mulher recebe alta no mesmo dia e pode voltar a trabalhar
três dias depois. Na laqueadura
convencional, a cirurgia é semelhante a uma cesárea. O clipe não precisa ser trocado -fica no corpo definitivamente.
Para Maurício Abreu, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês, a facilidade da colocação
é uma vantagem. "É um avanço.
Além de ser mais simples de
aplicar, lesa menos a tuba e os
vasos que irrigam o ovário. Seguramente a técnica vai ser disseminada no Brasil." Ele coordena o 1º Congresso Brasileiro
de Endometriose e Endoscopia
Ginecológica, no qual o Filshie
Clip está sendo lançado.
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) aprovou o Filshie Clip há cerca de
dois meses, o que tornou o Brasil o primeiro país da América
Latina a adotá-lo. Mas ele é utilizado no mundo desde 1975.
Na Inglaterra e no Canadá, é
a técnica escolhida para mais
de 80% das laqueaduras. Médicos de outros países da Europa,
dos EUA, da Austrália e da Ásia
também usam o clipe, que já foi
aplicado mais de 8 milhões de
vezes. Até hoje, apenas um caso
de rejeição foi descrito.
O Brasil é um dos países que
mas fazem esterilizações
-40% das mulheres optam pelo processo. O preço do Filshie
Clip varia segundo a forma de
aplicação. O kit com o clipe e o
aplicador custa de R$ 1.000 a
R$ 1.600. Na laqueadura tradicional, usa-se apenas um fio,
que custa em torno de R$ 50
(fora os custos de internação).
Apesar das chances de reversão, o ginecologista Waldir Modotti pede cautela. "Não se deve
usar esse método pensando em
desfazê-lo. Ainda há 10% de pacientes que não conseguem obter a recanalização", alerta.
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