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Cerca de 6% das crianças têm síndrome das pernas inquietas
DA REPORTAGEM LOCAL
Um novo estudo avaliou pela
primeira vez a prevalência da
síndrome das pernas inquietas
em crianças no Brasil. O resultado mostra uma prevalência
considerada alta, em torno de
6%, semelhante ao encontrado
em adultos. Dados internacionais sugeriam que esse valor
poderia estar entre 1% e 2%.
A apneia -problema de sono
muito mais conhecido- afeta
cerca de 2% da população.
A síndrome das pernas inquietas é um distúrbio em que a
pessoa sente uma necessidade
urgente de mexer as pernas, geralmente causada por uma sensação desagradável. O sintoma
piora com o repouso e à noite.
A pesquisa foi feita pela Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. Os autores avaliaram 383 crianças entre cinco e
16 anos. No entanto, para se generalizar o dado, é preciso ter
estudos populacionais com
uma amostra de todo o país.
"Trata-se do primeiro estudo
a usar os questionários mais
atuais sobre o assunto", diz a
neurologista Heidi Haueisen
Sander, médica-assistente do
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, autora da pesquisa.
Outro achado dos cientistas
foi a relação entre a síndrome e
baixos níveis de ferritina no
sangue. "O ferro é importante
para a formação da dopamina,
neurotransmissor relacionado
a esses sintomas", diz Sander. O
tratamento com sulfato ferroso
vem dando bons resultados.
O diagnóstico em crianças
costuma ser particularmente
difícil pela dificuldade em descrever os sintomas. Por isso, ela
é muito confundida com as
chamadas dores do crescimento, que se caracterizam por dores nas pernas, de intensidade
leve ou moderada, mais comuns à tarde e à noite. Elas são
desencadeadas no repouso e
pioram com atividade física.
Segundo a pesquisa, a prevalência do problema é de 24%.
"A síndrome das pernas inquietas compromete a qualidade do sono", completa a especialista em distúrbios do sono
Andrea Maculano Esteves, da
Unifesp. Isso afeta a qualidade
de vida e gera sonolência diurna. "Vale prestar atenção se a
criança se mexe muito à noite,
se tira o lençol ou acorda de cabeça para baixo", diz Esteves.
(GABRIELA CUPANI)
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