São Paulo, sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

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Cerca de 6% das crianças têm síndrome das pernas inquietas

DA REPORTAGEM LOCAL

Um novo estudo avaliou pela primeira vez a prevalência da síndrome das pernas inquietas em crianças no Brasil. O resultado mostra uma prevalência considerada alta, em torno de 6%, semelhante ao encontrado em adultos. Dados internacionais sugeriam que esse valor poderia estar entre 1% e 2%.
A apneia -problema de sono muito mais conhecido- afeta cerca de 2% da população.
A síndrome das pernas inquietas é um distúrbio em que a pessoa sente uma necessidade urgente de mexer as pernas, geralmente causada por uma sensação desagradável. O sintoma piora com o repouso e à noite.
A pesquisa foi feita pela Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. Os autores avaliaram 383 crianças entre cinco e 16 anos. No entanto, para se generalizar o dado, é preciso ter estudos populacionais com uma amostra de todo o país.
"Trata-se do primeiro estudo a usar os questionários mais atuais sobre o assunto", diz a neurologista Heidi Haueisen Sander, médica-assistente do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, autora da pesquisa.
Outro achado dos cientistas foi a relação entre a síndrome e baixos níveis de ferritina no sangue. "O ferro é importante para a formação da dopamina, neurotransmissor relacionado a esses sintomas", diz Sander. O tratamento com sulfato ferroso vem dando bons resultados.
O diagnóstico em crianças costuma ser particularmente difícil pela dificuldade em descrever os sintomas. Por isso, ela é muito confundida com as chamadas dores do crescimento, que se caracterizam por dores nas pernas, de intensidade leve ou moderada, mais comuns à tarde e à noite. Elas são desencadeadas no repouso e pioram com atividade física. Segundo a pesquisa, a prevalência do problema é de 24%.
"A síndrome das pernas inquietas compromete a qualidade do sono", completa a especialista em distúrbios do sono Andrea Maculano Esteves, da Unifesp. Isso afeta a qualidade de vida e gera sonolência diurna. "Vale prestar atenção se a criança se mexe muito à noite, se tira o lençol ou acorda de cabeça para baixo", diz Esteves. (GABRIELA CUPANI)


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