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SP terá teste da orelhinha na rede pública
Triagem auditiva neonatal universal detecta risco de surdez e será feita em todo bebê na capital paulista a partir de maio
Exame era feito apenas para
bebês com alto risco de ter
problemas de audição,
como os prematuros ou os
que nascem com baixo peso
Karime Xavier/Folha Imagem
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Maria Eduarda Magalhães de Assis, de um ano e seis meses, que foi diagnosticada com surdez bilateral pelo teste da orelhinha, feito em um hospital particular
MARIANA VERSOLATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A partir de maio, todas as
crianças nascidas na rede pública da cidade de São Paulo e
cobertas pelo programa Rede
de Apoio à Mãe Paulistana farão a triagem auditiva neonatal
universal. Conhecido como teste da orelhinha, o exame identifica precocemente o risco de
perda da audição.
O programa acolhe todas as
gestantes atendidas nas redes
municipal e estadual da capital
paulista e faz o acompanhamento das crianças durante seu
primeiro ano de vida.
Hoje, segundo a lei estadual
nº 12.522, de 2007, a triagem é
feita na rede pública só em bebês com maior risco de ter problemas auditivos -bebês prematuros ou de baixo peso, por
exemplo. Só alguns centros especializados, como o Hospital
das Clínicas da USP, oferecem
o teste de forma universal.
Segundo a coordenadora do
Mãe Paulistana, Maria Aparecida de Carvalho, o teste ainda
não havia sido implementado
para todos os recém-nascidos
por falta de uma rede de atendimento multidisciplinar, que
envolve fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas e pediatras.
"Foi preciso construir essa
rede para as cerca de 9.000
crianças que nascem por mês
na rede pública em São Paulo. A
dificuldade era ter condições
de fazer o atendimento em todas as etapas do processo, ou
seja, na triagem, no diagnóstico
e na reabilitação, caso seja detectado algum problema", diz.
Ela afirma que, provavelmente, os bebês que nascem na
rede particular continuarão a
fazer o teste pago. "Ele é feito
na própria maternidade. O SUS
não negaria atendimento a essas mães, mas acho improvável
que elas se desloquem para o
serviço público com o bebê."
Problema "invisível"
A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia e professora da PUC-SP,
Doris Lewis, afirma que, sem a
triagem universal, apenas 50%
das crianças com deficiência
auditiva são diagnosticadas.
"Nem toda criança de risco
tem o problema, mas muitas
crianças sem risco apresentam
alguma deficiência auditiva. Só
que ninguém desconfia das
"bem-nascidas" porque se trata
de um agravo "invisível"", afirma a especialista.
De acordo com Lewis, a triagem universal é uma estratégia
para que o problema seja detectado precocemente e não afete
de forma drástica o desenvolvimento das crianças. "Quanto
mais cedo for feito o diagnóstico, melhor o tratamento", diz.
Ela diz que uma lei federal
para tornar o teste universal
nacionalmente está tramitando, mas ainda não foi aprovada.
A triagem deve ser feita nas
primeiras semanas de vida dos
recém-nascidos. O exame que
estará disponível na rede pública é a emissão otoacústica.
De acordo com Marcelo Ribeiro de Toledo Piza, diretor da
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia
Cérvico-Facial, cerca de 2% das
crianças não passam no primeiro teste, o que não significa
que elas tenham problemas auditivos. O bebê deve repetir o
exame e fazer um diagnóstico
mais detalhado.
Em cada 10 mil crianças, 30
têm algum tipo de deficiência
auditiva. Na mesma população,
apenas uma tem fenilcetonúria
e 2,5 têm hipotireoidismo
-doenças detectadas no teste
do pezinho, já universal.
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