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AVC aumenta entre mais jovens
Estudo brasileiro diz que 7,5% dos pacientes que sofreram acidente vascular têm menos de 45 anos
Exposição, cada vez mais cedo, a fatores de risco como hipertensão, colesterol alto, estresse e obesidade explica aumento nessa faixa etária
FLÁVIA MANTOVANI
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO
Tido como um problema típico de pessoas mais velhas, o
AVC (acidente vascular cerebral) tem afetado cada vez mais
pacientes jovens. Um novo estudo brasileiro, feito com 682
pessoas em Porto Alegre e Salvador, mostrou que, entre os
pacientes com AVC, 7,5% têm
menos de 45 anos.
"Se levarmos em conta a
enorme quantidade de pessoas
que têm o problema, é um número muito significativo", afirma o neurologista Jamary Oliveira Filho, professor da Universidade Federal da Bahia e
um dos autores do estudo.
No Brasil, são registrados, a
cada ano, 300 mil casos de
AVC, com 90 mil mortes. É a
maior causa de incapacidade e
morte no país. O estudo foi
apresentado no 5º Congresso
Brasileiro Cérebro, Comportamento e Emoções, na semana
passada, em Gramado (RS).
Apesar de as cardiopatias
congênitas e outros problemas
imprevisíveis serem as causas
mais comuns de AVC nessa faixa etária, o aumento no grupo
se explica pela exposição, cada
vez mais cedo, a fatores de risco
como hipertensão, colesterol
alto, estresse e obesidade.
"O paciente jovem tem tido
um comportamento de risco
tão grande quanto o do idoso.
Maus hábitos alimentares, falta
de exercícios físicos, obesidade,
diabetes e hipertensão tornam
os indivíduos suscetíveis, cada
vez mais cedo, a efeitos vasculares", diz Maurício Friedrich,
neurologista do Hospital Mãe
de Deus, em Porto Alegre.
Estudos mundiais mostram
que a aterosclerose (placas nas
paredes das artérias), que está
mais relacionada a maus hábitos, cresceu como causa de
AVC em jovens. Enquanto nas
décadas de 80 e 90 o problema
era responsável por 5% a 10%
dos casos de AVC nessa faixa
etária, após o ano 2000 esse número passou para 15% a 20%.
Segundo um estudo feito em
Helsinque (Finlândia) e recém-publicado na revista "Stroke",
muitas das causas de AVC provocado por aterosclerose em
jovens são modificáveis.
Há susceptibilidade genética
ao problema, mas os fatores
ambientais são mais importantes. "Com o controle adequado
dos fatores de risco, que inclui
dieta saudável, exames médicos periódicos e exercícios frequentes, conseguimos nos sobrepor à genética. O AVC é previsível e prevenível na maior
parte dos casos", diz Friedrich.
O trabalho finlandês encontrou uma incidência de 10,8 casos de AVC em jovens para cada
100 mil habitantes. Entre os
pacientes com menos de 30
anos, as mulheres eram maioria. "Mulheres jovens que têm
enxaqueca com aura são um
grupo de risco importante. Se
elas tomarem pílula anticoncepcional e se fumarem, o risco
é maior ainda", diz Friedrich.
O uso das pílulas modernas,
de baixa dosagem, isoladamente não é um fator de risco, mas o
tabagismo, sim.
Nessa faixa etária, o AVC
mais comum é o isquêmico
-obstrução de uma artéria que
leva à falta de sangue na área
cerebral nutrida por ela.
Há também o AVC hemorrágico, rompimento de uma artéria que leva à formação de um
hematoma que comprime certas áreas do cérebro. Cerca de
80% dos casos de AVC são isquêmicos. A gravidade depende de cada paciente, mas, em
geral, a mortalidade é maior no
caso do hemorrágico.
A jornalista Flávia Mantovani viajou a Gramado
a convite do 5º Congresso Brasileiro Cérebro,
Comportamento e Emoções
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