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Chega ao Brasil nova cirurgia de hemorroidas, sem corte nem dor
Técnica já é usada na Europa; decisão de operar costuma ser adiada pelo incomôdo e a vergonha
Segundo especialistas, procedimento tem suas limitações e não é indicado para todos os casos da doença
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
Por medo ou vergonha,
metade dos pacientes com
queixa de hemorroidas não
procura o médico.
Muitos evitam o quanto
podem o bisturi, quando há
indicação. Parte disso se deve ao temido pós-operatório,
um dos mais doloridos.
Uma nova cirurgia, disponível em países da Europa e
agora no Brasil, promete acabar com o problema sem corte, sem dor e com rápida recuperação. Entre os especialistas, porém, não há consenso sobre os benefícios.
Chamada de Dearterialização Hemorroidária Transanal guiada por Doppler, ou
THD, a técnica é relativamente simples. Com o paciente
anestesiado (peridural), o cirurgião insere um anuscópio
(equipamento para visualizar o canal retal) com um ultrassom (doppler) na ponta.
O aparelho mede o fluxo
sanguíneo pelo som. Identificado o "pulso", é acionada
uma agulha que fica no aparelho. A veia é então costurada, reduzindo o fluxo que alimenta a hemorroida. Sem
sangue, ela murcha, diminuindo muito o tamanho.
"LIFTING"
O tecido que sobra também é costurado no lado interno do reto. "Fazemos uma
espécie de "lifting" da mucosa
para que ela suba em direção
ao reto. É o que a gente faz
quando a pálpebra está caída", exemplifica Sidney Klajneevitar, proctologista e cirurgião do Hospital Albert
Einstein, que introduziu a
técnica no Brasil.
A Anvisa autorizou a cirurgia em junho. Desde então
foram feitas 16 operações em
São Paulo e em Porto Alegre.
"É dor zero desde o primeiro dia. Tenho pacientes que
voltaram a trabalhar no dia
seguinte", diz Klajneevitar.
Ele diz que, por precaução,
tem feito o procedimento
com anestesia peridural, mas
que, na Itália, os médicos o
fazem só com uma sedação.
As hemorroidas são resultado da dilatação das artérias
que ficam na região do ânus.
Predisposição genética, dificuldades para evacuar e esforço físico excessivo podem
deflagrar a doença.
Em geral, nos graus iniciais, o tratamento das hemorroidas é clínico, à base de
pomadas anestésicas, reguladores intestinais e orientação para mudança de hábitos
alimentares. Nos graus mais
avançados, especialmente
quando as hemorroidas
saem para fora do canal retal
(prolapso), a indicação é
quase sempre cirúrgica.
"A decisão [de fazer a cirurgia] é tomada junto com o
paciente. Não é uma doença
que vai virar câncer, por
exemplo. Mas, às vezes, a
gente opera paciente com
anemia intensa por causa do
sangramento que ela provoca. E quanto mais tempo esperar, maior será a cirurgia",
diz Klajneevitar.
Na avaliação da proctologista Margareth Fernandes,
do Hospital do Servidor Estadual, a THD tem limitações e
não é indicada quando há
prolapso da mucosa para fora do reto. Ainda que haja fixação desse tecido por meio
de pontos durante o procedimento, ela não acredita que
isso resolva o problema. "Os
pontos não garantem a sustentação das fibras elásticas", diz a médica.
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