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Brasileiro está mais alto e mais gordo
Estudo do Ministério da Saúde revela crescimento médio de 3 cm; IMC está próximo do limite considerado saudável
Especialistas consideram que o país está mudando o perfil nutricional, com a desnutrição em queda e o risco de obesidade em alta
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os brasileiros estão cada vez
mais altos e mais gordos, revela
um estudo do Ministério da
Saúde divulgado ontem. De
1974 a 2003, a altura média dos
homens passou de 1,67 m para
1,70 m e a das mulheres, de
1,55 m para 1,58 m.
Já o risco de obesidade cresceu principalmente entre
crianças e adolescentes do sexo
masculino com dez a 19 anos. O
IMC (índice de massa corporal)
médio, calculado a partir do peso e da altura, subiu no período
para ambos os sexos.
O indicador mostra que, na
média, os brasileiros estão dentro dos parâmetros considerados saudáveis, mas encontram-se em uma situação limite. O
IMC médio está em 24,7 para
as mulheres e em 24,6 para os
homens. Quem tem 25 ou mais
é considerado acima do peso.
Acima de 30, obeso. Em 1974, o
IMC médio dos homens era
22,4 e o das mulheres, 23,1.
Diante das conclusões, o Ministério da Saúde e especialistas já consideram que o país está diante de uma mudança no
perfil nutricional da população,
em que a desnutrição está dando lugar ao sobrepeso.
Uma pesquisa feita por telefone no ano passado já apontava que 43,3% dos moradores
com mais de 18 anos das 27 capitais estavam acima do peso.
Por outro lado, cada vez menos crianças têm deficit de altura para a idade (a chamada
desnutrição crônica), consequência atribuída pelo Ministério da Saúde à melhoria na
renda da população, ao aumento da cobertura do Programa de
Saúde da Família e ao maior índice de escolaridade das mães,
entre outros fatores.
Tudo isso fez com que a desnutrição crônica caísse de
13,4%, em 1996, para 6,7% dez
anos depois. "Com isso, as
crianças puderam crescer com
toda a sua potencialidade genética", afirma Deborah Malta,
coordenadora-geral de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis do ministério.
Tanto o aumento de altura
quanto o de peso têm raízes no
desenvolvimento do país e são
fenômenos comuns a países
que passam por um período de
maior crescimento econômico,
afirma Márcio Mancini, presidente da Abeso (Associação
Brasileira para o Estudo da
Obesidade e da Síndrome Metabólica) e médico do Hospital
das Clínicas, onde é responsável pelo grupo de obesidade.
Em última instância, o aumento do sobrepeso decorre do
fato de que os brasileiros estão
se alimentado pior e se exercitando menos. A pesquisa feita
pelo ministério no ano passado
mostrou que 29,2% dos adultos
das capitais não haviam feito
nenhuma atividade física nos
três meses anteriores.
Questão cultural
Mancini aponta que o problema está ligado também a
questões culturais e urbanísticas. Por um lado, a proliferação
de restaurantes fast food e de
comidas industrializadas favorece a má alimentação, ligada
ao fato de que brasileiros comem menos em casa. Por outro, cidades violentas, mal iluminadas e com pouco lazer favorecem o sedentarismo.
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