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Nozes e amêndoas ajudam a diminuir gordura abdominal
Estudo espanhol conclui que frutas oleaginosas são mais eficazes do que dieta com pouca gordura ou azeite de oliva
Para endocrinologista, os resultados mostram que reduzir gorduras pode não ser a melhor estratégia contra síndrome metabólica
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Frutas oleaginosas, como nozes, avelãs e amêndoas, ajudam
a controlar a síndrome metabólica -associação de fatores
de risco para doenças cardiovasculares relacionados à gordura abdominal e à resistência
à insulina - com mais eficiência do que uma dieta de baixo
teor de gordura e do que o azeite de oliva. Foi o que constatou
um estudo espanhol publicado
no "Archives of Internal Medicine", realizado com 1.224 participantes -61,4% tinham três
ou mais fatores da síndrome.
Durante um ano, os voluntários consumiram uma dieta
mediterrânea suplementada
com 30 g diárias de oleaginosas,
a mesma dieta adicionada de
um litro semanal de azeite ou
uma dieta pobre em gorduras
vegetais e animais, todas sem
restrição calórica.
Entre os que usaram as frutas, a redução na prevalência
dos fatores da síndrome metabólica foi de 13,7% -contra
6,7% de redução entre os que
consumiram azeite e de somente 2% entre os que mantiveram dieta pobre em gordura.
"Esse artigo gera uma hipótese
interessante, mostra que reduzir gorduras pode não ser a melhor estratégia nesse caso", diz
o endocrinologista Walmir
Coutinho, da Sbem (Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia).
Uma das hipóteses para o
baixo desempenho da dieta pobre em gordura é a compensação em carboidratos, que, em
excesso, aumentam o nível de
triglicérides, um dos fatores da
síndrome metabólica. "A diminuição da gordura abdominal
no grupo que consumiu as nozes é plausível, pois estão associadas ao aumento da saciedade e menor adiposidade. O efeito antiinflamatório dessa dieta
pode estar ligado à redistribuição de gordura. Quando se
substituem carboidratos de alto teor glicêmico pelas gorduras insaturadas do azeite e das
nozes, os níveis de triglicérides
caem e os de HDL sobem", disse à Folha Jordi Salas, professor de nutrição da Universidade de Rovira e Virgili (Espanha) e líder da pesquisa.
Azeite
Já o melhor resultado das
frutas secas sobre o azeite pode
ser explicado por inúmeros fatores. "As nozes poderiam ter
efeito na síndrome metabólica
por múltiplos mecanismos: são
ricas em substâncias com propriedades antiinflamatórias
(magnésio, fibra, arginina) e
antioxidantes, que trariam
efeitos benéficos", disse Salas.
A presença de triptofano nesses alimentos também pode
ajudar. As nozes são ricas nesse
substrato usado para fabricar
serotonina, que ajuda na sensação de saciedade. O consumo
das frutas, então, ajudaria na
menor ingestão de outros alimentos. "Uma vantagem das
oleaginosas é a riqueza em gordura monoinsaturada. Essas
frutas têm bastante fibra, que
diminui absorção de colesterol", acrescenta o cardiologista
Heno Lopes, coordenador do
Ambulatório de Síndrome Metabólica do InCor (Instituto do
Coração) de São Paulo.
Para tirar proveito dos efeitos benéficos do azeite, a endocrinologista Cláudia Cozer
aconselha o consumo de duas
colheres de chá por refeição.
"Se a dieta mediterrânea for seguida à risca, é possível usar à
vontade nas principais refeições", acrescenta.
Dieta mediterrânea
Apesar dos diversos estudos
que apontam a dieta mediterrânea -rica em vegetais, cereais integrais e gorduras insaturadas e pobre em laticínios,
carne vermelha e doces- como
protetora do sistema cardiovascular, para a realidade do
brasileiro ela não basta, argumenta Heno Lopes. "Para a síndrome metabólica, que virou
até um modismo, o estresse
contribui bastante, não basta
comer bem. É o estilo de vida, é
esse conjunto que é mais importante". A atividade física é
parte essencial nesse tipo de
dieta e está na base da pirâmide
alimentar.
Outro problema é misturar
dietas, alega Cláudia Cozer.
"Alguns alimentos da dieta mediterrânea são calóricos e podem engordar se consumidos
em outras dietas." Quando se
segue a dieta mediterrânea, é
possível consumir até três porções de frutas oleaginosas (o
equivalente a uma xícara e
meia de chá por dia). Em uma
dieta convencional, a indicação
é de meia xícara diária.
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