|
Próximo Texto | Índice
Maior parte dos infartados possui colesterol normal
Pesquisa avaliou dados de 136.905 pacientes internados em 541 hospitais dos Estados Unidos entre 2000 e 2006
Resultados voltam a colocar em discussão a intenção dos cardiologistas de reduzir o nível considerado aceitável do colesterol ruim (LDL)
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um novo estudo realizado
nos EUA aponta que quase 75%
dos pacientes que foram hospitalizados depois de sofrer um
infarto estavam com os níveis
do LDL (colesterol ruim) considerados normais -abaixo de
100 mg/dl-, o que está de acordo com as diretrizes atuais.
O estudo foi realizado na
Universidade da Califórnia e
publicado na edição de janeiro
do "American Heart Journal".
Os pesquisadores analisaram
136.905 pacientes que foram
hospitalizados entre 2000 e
2006 em 541 hospitais do país.
Já existem alguns estudos
brasileiros que seguem a mesma linha e apontam que em
cerca de 50% dos casos de infarto o colesterol dos pacientes
está normal. Por isso, os resultados americanos voltam a colocar em discussão a intenção
dos cardiologistas de reduzir os
níveis de colesterol ruim (LDL)
em pacientes que possuem fatores de risco associados, como
diabetes, tabagismo, hipertensão arterial, obesidade ou hereditariedade.
Hoje, as diretrizes nacional e
internacional de cardiologia
apontam que um paciente sem
histórico ou risco associado deve manter o colesterol ruim
abaixo de 130 mg/dl. Quem tem
histórico de doença cardíaca
deve manter os níveis do colesterol abaixo de 100 mg/dl.
"Há algum tempo existe uma
discussão para reduzir os níveis
do colesterol ruim de 100 para
70. O novo valor ainda não
consta das diretrizes, mas já é
preconizado por muitos médicos. Quanto mais baixo, melhor", diz o cardiologista Marcelo Sampaio, do Instituto
Dante Pazzanese.
O cardiologista Ari Timerman, presidente da Sociedade
de Cardiologia do Estado de
São Paulo (Socesp) afirma que
o colesterol é um importante
fator de risco cardíaco, mas não
pode ser olhado isoladamente
nos casos de infarto. "Muitas
pessoas têm outros fatores importantes associados, como
doença cardíaca preestabelecida, diabetes, tabagismo, obesidade", disse.
Segundo Sampaio, embora
exista a discussão sobre baixar
os níveis de colesterol para pacientes com histórico, ainda há
resistência porque o tratamento tem que ser obrigatoriamente medicamentoso e ainda não
se sabe o limite adequado. "Será que um paciente com colesterol ruim 20 está mais protegido que o paciente que está com
70? Ou será que ele tem os mesmos benefícios?"
O cardiologista Luiz Antonio
Machado César, diretor da Unidade Clínica de Coronariopatias Crônicas do InCor (Instituto do Coração), diz que existe
risco de infarto mesmo para
aqueles pacientes que tomam
remédios para controlar o colesterol. "O fato de uma pessoa
tratar e baixar o colesterol não
significa que ela eliminou o risco de sofrer um infarto. O paciente apenas reduziu os riscos
em cerca de 30%", disse.
É preciso também controlar
os outros fatores associados,
como diabetes, hipertensão, tabagismo e obesidade.
O estudo também mostrou
que 54,6% dos pacientes estavam com o HDL (colesterol
bom) abaixo de 40 mg/dl -o
que também é ruim. Hoje, é
preconizado um HDL superior
a 45 mg/dl para homens e 55
mg/dl para mulheres.
"O HDL é um fator de proteção contra doenças cardiovasculares. Ele baixo é tão ruim para o organismo quanto o LDL
alto", disse César.
Próximo Texto: Frase Índice
|