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Inatividade prolongada eleva risco de morte
Tempo ocioso aumenta problemas cardiovasculares, mostram pesquisas
Hábitos ativos devem ser incorporados na rotina, dizem especialistas; efeitos do ócio em excesso não são revertidos com exercícios
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Passar boa parte do dia inativo aumenta o risco de morte e
de problemas de saúde, ainda
que o indivíduo pratique algum
tipo de atividade física formal.
O alerta vem de dois artigos publicados neste mês.
O primeiro deles, assinado
por médicos do Instituto Karolinska (Suécia) e divulgado no
"British Journal of Sports Medicine", sugere que ficar sentado por períodos prolongados é
"verdadeiramente danoso ao
organismo", independentemente da prática sistematizada
de exercícios -na academia,
por exemplo.
Eles afirmam que estudos recentes estabelecem que ficar
sentado por longos períodos e a
falta de atividade muscular são
fatores de risco independentes
para doenças.
"É cada vez mais fundamentado pelos estudos que é preciso incorporar mais atividade física no dia a dia. O conforto da
vida moderna é o grande vilão,
porque trocamos muitas das
atividades que poderíamos fazer pelo apertar de um botão",
afirma a fisioterapeuta Gerseli
Angeli, diretora-científica do
Cemafe (Centro de Medicina
da Atividade Física e do Esporte) da Universidade Federal de
São Paulo.
É o que também mostra a
pesquisa australiana publicada
no periódico "Circulation", que
analisou risco de mortalidade e
tempo inativo. Após avaliarem
8.800 pessoas com mais de 25
anos durante seis anos, os pesquisadores constataram que
cada hora passada em frente à
TV aumenta em 11% o risco de
morte por qualquer causa e em
18% o risco de morte por problemas cardiovasculares, mesmo após excluírem fatores de
risco já conhecidos, como colesterol, tabagismo, gordura
abdominal e prática moderada
de exercícios.
No artigo, afirmam que "ainda que a ênfase para a prática
de exercícios moderados ou intensos deva permanecer, os
achados do estudo sugerem
que reduzir o tempo em frente
à TV ou de comportamento sedentário também ajuda a prevenir problemas cardiovasculares e morte prematura".
Os pesquisadores afirmam
que é necessária uma investigação mais profunda para estabelecer os mecanismos que relacionam longos períodos de inatividade a uma saúde mais pobre. Uma das hipóteses é a ação
de uma enzima que tem papel
fundamental na regulação dos
níveis de gordura no sangue -e
que ficaria alterada nos longos
períodos sedentários, podendo
levar a mudanças metabólicas,
como colesterol alto.
Por causa dessas respostas fisiológicas, dizem os cientistas,
as mudanças no organismo
após o excesso de ócio não são
anuladas com o aumento de
exercício físico. Por isso, é
aconselhável não passar longos
períodos inativo.
Gasto calórico
Segundo o cardiologista José
Kawazoe Lazzoli, presidente da
Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte,
o gasto energético semanal acima de 2.000 calorias em atividades também é associado, em
trabalhos científicos, a uma
menor mortalidade geral.
"Isso equivale a 32 km percorridos a pé. Na academia, há
uma chance razoável de chegar
a isso, mas incorporar hábitos
ativos no dia a dia eleva a probabilidade de alcançar a meta."
Um outro trabalho, diz Lazzoli, já mostrou que subir mais
de 55 lances de escada por semana reduz a mortalidade em
23%. "Alguns cânceres têm ligação com gasto energético, como o de mama", acrescenta.
Por esse motivo, é indicado
tornar a rotina mais ativa, preferindo a escada ao elevador e
fazendo caminhadas curtas.
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