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Nova lente para cirurgia de miopia é aprovada no país
Produto autorizado pela Vigilância Sanitária deve chegar ao Brasil em junho
Mais invasivo e mais caro que o procedimento a laser, implante é indicado para míopes com grau alto do distúrbio e córnea fina
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Anvisa acaba de aprovar a
comercialização no Brasil de
uma lente intraocular para correção de miopia.
A nova lente é implantada
atrás da íris, sem mexer no cristalino do olho (como acontece
com lente para correção de catarata) e sem desgastar a córnea (o que é feito na cirurgia a
laser para miopia).
A lente intraocular é indicada para quem quer corrigir cirurgicamente o distúrbio, mas
não pode fazer o procedimento
a laser, segundo o oftalmologista Cláudio Lottemberg, do hospital Albert Einstein.
"O laser é menos invasivo,
mas é contraindicado para
quem tem córnea muito fina ou
um grau muito alto de miopia",
diz Lottemberg.
A Anvisa aprovou a lente, fabricada pela Alcon, para miopias de 6º a 16,5º, mas os médicos ouvidos pela Folha consideram o implante mais apropriado a partir do 9º (miopias
consideradas mais altas).
"Os riscos inerentes à cirurgia são baixos, mas existem",
lembra Paulo Schor, chefe do
departamento de cirurgia refratária do Instituto da Visão,
da Unifesp.
De acordo com uma revisão
de estudos feita pela Fundação
Cochrane, o implante da lente
intraocular e a cirurgia a laser
são igualmente seguros.
A cirurgia para o implante
dura cerca de 30 minutos e não
requer internação, mas precisa
ser feita em centro cirúrgico. A
anestesia é local.
É feita uma incisão de três
milímetros para a introdução
de um cartucho que leva a lente
para dentro do olho, explica
Leôncio Queiroz, oftalmologista do Instituto Penido Burnier,
de Campinas.
Já no olho, a lente é injetada
por um êmbolo no local e, por
seu formato maleável, adapta-se ao espaço interno e apoia-se
na área entre a íris e a córnea.
Como a incisão é muito pequena, não é preciso fazer a sutura com pontos: o corte cicatriza naturalmente.
A recuperação é rápida. "No
dia seguinte à cirurgia, a visão
está restabelecida, já dá até para checar o seu e-mail", diz
Schor. Nas semanas seguintes,
é preciso usar um colírio específico e evitar movimentos
muito bruscos.
É importante fazer exames
anuais para verificar se o material implantado não está danificando a córnea. "Estudos mostram que a chance de isso ocorrer é menor do que 1%, mas o
controle é indispensável", alerta Schor. Se houver dano, a lente precisa ser retirada.
Outras possíveis complicações são infecções intraoculares, desenvolvimento de glaucoma e o risco de permanecer
um grau residual de miopia, segundo Lottemberg.
Contraindicações
O implante é contraindicado
para quem tem problema de retina, glaucoma e catarata.
Para realizar a cirurgia, é preciso um médico que tenha feito
um curso de capacitação específico para o implante dessa
lente maleável -o nome comercial é lente intraocular
Acrysoft Cache Phakic.
A lente deve chegar ao Brasil
no próximo mês e ainda há
poucos oftalmologistas capacitados para o procedimento.
No Estado de São Paulo, o
Instituto da Visão da Unifesp e
o hospital Albert Einstein, na
capital, e o Instituto Penido
Burnier, em Campinas, já estão
preparados para a cirurgia.
"A previsão é de que, em novembro, seja feito um curso de
capacitação no Brasil, o que vai
aumentar bastante o número
de profissionais que podem fazer a cirurgia", avalia Schor.
Além de ser mais invasivo do
que a cirurgia de miopia a laser,
o implante da lente intraocular
deve custar cerca de 50% mais
caro. "A cirurgia com um aparelho de laser "top" de linha custa
cerca de R$ 6.000 por olho; o
implante deve custar, por olho,
uns R$ 10 mil", calcula Schor.
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