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Mil pênis são amputados por ano no país, diz estudo
Maioria dos casos está em SP, mas vítimas vêm das regiões Norte e Nordeste
Tumor peniano soma 2% dos cânceres em homens; doença está ligada a falta de higiene, fimose e doenças sexualmente transmissíveis
CLÁUDIA COLLUCCI
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao menos mil pênis são amputados por ano no Brasil em
razão do câncer, revela levantamento da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), com base
nos dados do DataSUS. A entidade iniciou ontem uma campanha de esclarecimento sobre
a doença e a importância de o
homem visitar um urologista
em todas as fases da vida.
Apesar de a maioria dos casos
de tumor peniano se concentrar em São Paulo (24,26%), os
especialistas dizem que muitas
das vítimas vêm das regiões
Norte e Nordeste -que juntas
respondem por mais de 50%
dos registros. "Há mais casos
em São Paulo por causa da migração e da facilidade de registro de doença aqui", diz o urologista Marcelo Wroclawski, do
hospital Albert Einstein.
A doença, que soma 2% dos
tumores em homens, atinge os
que têm mais de 40 anos
(81,6%), brancos, de baixa renda e não circuncidados.
"É uma doença que não precisaria existir, uma das mais
evitáveis do mundo. Ela praticamente não ocorre nos EUA e
na Europa. Nossos números estão compatíveis com os de países da África, do Egito. É uma
vergonha", afirma o urologista
Aguinaldo Nardi, coordenador
de campanhas públicas da SBU.
Os primeiros sintomas do
câncer peniano são pequenas
feridas que demoram muito para cicatrizar. "Toda lesão no pênis que não sara no prazo de 15
dias deve ser vista por um médico. Na fase inicial, o tratamento é muito simples, bastando tirar a lesão e o paciente fica
curado", explica Nardi.
Nos casos mais avançados, o
tumor pode pode evoluir atacando os canais linfáticos, o que
pode ocasionar não só a amputação do pênis como também a
dos membros inferiores.
Há pelo menos três fatores
que predispõem o homem a desenvolver esse tipo de câncer: a
falta de uma boa higiene do órgão genital, a fimose (que dificulta a limpeza do pênis) e as
doenças sexualmente transmissíveis, como o HPV.
"A relação entre HPV e câncer de pênis ainda é bastante
controversa. O que se sabe é
que alguns pacientes que têm
câncer de pênis também têm
HPV", diz Wroclawski. De
acordo com a literatura médica,
de 30% a 50% dos casos de tumor são associados ao vírus.
Segundo Nardi, outro projeto
da SBU é treinar médicos do
Programa de Saúde da Família
e de postos de saúde a identificar o câncer peniano mais precocemente, além de multiplicar as medidas preventivas. "Os
pais devem ensinar as crianças
a higienizar o pênis. Os homens
devem lavar o órgão diariamente e principalmente após
relações sexuais."
Estudo
No sábado, ainda como parte
da campanha, a SBU, em parceria com os patologistas do Hospital A. C. Camargo, em São
Paulo, iniciam um estudo inédito sobre o câncer de pênis.
Haverá um mutirão de cirurgias de fimose nas capitais das
regiões Norte e Nordeste, e o
material colhido será analisado
para verificar a existência de lesões pré-cancerosas.
A expectativa dos médicos é
de realizar 500 cirurgias. O objetivo da pesquisa é analisar as
causas da doença -por relação
com HPV ou falta de higiene- e
conhecer os tipos desse câncer.
Assim, fica mais fácil identificar o melhor tratamento para
aquele tumor específico.
Segundo Nardi, há ainda
poucos estudos no mundo sobre o câncer de pênis, sobretudo porque os países que realizam mais pesquisas registram raríssimos casos da doença.
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