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Pesquisadores vão mapear problemas cardíacos na Copa
Hospitais de 6 cidades do Brasil registrarão casos de infarto, derrame e arritmia antes e depois dos jogos da seleção
Meta é colher dados de 5.000 pacientes para entender melhor o impacto que a paixão por futebol pode ter no coração do torcedor
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com duas pontes de safena e
uma mamária, o executivo de
vendas Aércio Colombo, 60,
ouviu do médico que terá de se
controlar na Copa do Mundo
-ou ficar longe da TV.
Ele já foi parar três vezes no
pronto-socorro por causa de
futebol, com pressão alta e batimentos cardíacos alterados.
Pelo senso comum, é fácil
constatar que os batimentos do
coração do espectador sobem
quando ocorre um lance perigoso em um jogo importante.
Agora, pesquisadores brasileiros querem entender de que
forma a paixão pelo esporte pode causar problemas mais graves, como infarto e arritmias.
Nesta Copa, cardiologistas
vão mapear eventos cardiovasculares que possam ser relacionados aos jogos do Brasil.
Hospitais de referência de
seis cidades vão contabilizar
suas admissões por problemas
cardíacos no dia anterior às
partidas da seleção brasileira.
Esses números serão comparados com as internações ocorridas por infarto, arritmia e
derrame cerebral em dia de jogo e nos dois dias seguintes.
"A meta é obter dados de
5.000 pacientes. Podemos tecer comparações secundárias:
nos jogos da primeira fase, a diferença pode não ser tão grande. Já nos jogos decisivos, os
problemas podem aumentar",
diz o cardiologista Álvaro Avezum, um dos pesquisadores.
Fortes emoções
O envolvimento emocional
do torcedor é determinante para o aumento do risco.
Em um momento tenso, o organismo libera noradrenalina,
que causa aumento dos batimentos e constrição dos vasos,
aumentando a pressão arterial.
Esse cenário favorece arritmias e parada cardíaca, em casos mais extremos.
Corintiano, Aércio sente esses mecanismos fisiológicos a
cada partida de seu time.
"Em dia de jogo, minha pressão sobe para 14 por 11 [o normal é 12 por 8], o coração vai a
110 por minuto, sinto até tontura. Quando fui parar no PS, a
pressão chegou a 17 por 11",
conta. São mais vulneráveis
pessoas com histórico de infarto, que já se submeteram a cirurgias cardíacas e não controlam hipertensão e diabetes.
"Isso não quer dizer que
quem não tem nada não possa
ter uma arritmia diante de uma
emoção forte", diz o fisiologista
Carlos Eduardo Negrão, diretor da unidade de reabilitação
cardiovascular do InCor.
Para a Copa, Aércio pretende
se controlar com algumas técnicas que desenvolveu: sair para o terraço, descer na garagem
do prédio, falar "abobrinhas".
"Desta vez vou ser mais light.
Quando o Brasil perdeu para a
França, dei murros na mesa,
atirei meu radinho pela janela."
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