São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2011

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DNA poderá reunir 'filhos da hanseníase'

ONG vai usar teste para achar parentes de pacientes que eram isolados em hospitais-colônias até os anos 1980

Parentesco será comprovado com a ajuda de documentos e de exame feito com amostras de saliva


PAULA BIANCHI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Inspirado na iniciativa das Avós da Praça de Maio, na Argentina, o Morhan (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase) pretende ajudar cerca de 40 mil brasileiros cujos pais tiveram hanseníase a reencontrarem suas famílias por meio de exames de DNA.
Enquanto na Argentina as crianças foram separadas por causa da ditadura, no Brasil foi a lei federal 610, de 13 de janeiro de 1949, que dividiu pais, filhos e irmãos.
A medida, que perdurou até 1986, determinava a internação compulsória dos portadores da doença em hospitais-colônias, onde eram mantidos isolados.
Aqueles que tivessem filhos eram obrigados a entregá-los ao Estado ou a parentes, muitas vezes perdendo o contato com as crianças.
Em parceria com o Inagemp (Instituto Nacional de Genética Médica Populacional), o Morhan pretende fazer um mapeamento do histórico e dos documentos dos familiares de pessoas com hanseníase.
O parentesco poderá ser comprovado por exames de DNA. O material será coletado de amostras de saliva cedidas pelos voluntários e enviadas ao Inagemp.
Por enquanto, o movimento conta com 10 mil familiares de doentes cadastrados.
"A lei disse para acabar com a segregação, mas não disse o que fazer com os filhos já separados", explica o coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio.
A geneticista Lavínia Schuler Faccini, médica do Inagemp e responsável pela parceria com o Morhan, foi quem sugeriu a Custódio a técnica de mapeamento e exames de DNA usada pelas Avós de Maio. "Todos temos direito não só à verdade, mas a uma identidade", afirma.
Em 2007, foi aprovada uma lei que concede indenização aos pacientes internados nos hospitais-colônias.
São R$ 750 mensais vitalícios, mais garantia de fornecimento de próteses, realização de cirurgias e assistência médica pelo SUS.
O movimento, agora, tenta estender esses direitos aos filhos dos portadores de hanseníase.


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