São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2011

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Farmacêutico sugere troca de remédio de marca por genérico

Pesquisa mostra que 86% dos brasileiros já receberam essa orientação na hora de comprar medicamento

Mas boa parte dos médicos ainda desconfia da eficácia dos genéricos, 11 anos após sua aprovação


CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

Estudo da ProTeste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) revela que 86% dos brasileiros já tiveram um medicamento de marca substituído por genérico por sugestão do farmacêutico.
A entidade ouviu 690 pessoas e 119 médicos em todas as regiões do país.
O levantamento também mostra que, apesar de os genéricos existirem há 11 anos no país, quase metade dos médicos desconfia da sua qualidade e segurança.
Na pesquisa, 45% dos profissionais disseram acreditar que o processo de avaliação e controle de qualidade é menos exigente do que o que ocorre com os medicamentos de marca, e 44% acreditam que esses remédios sofrem mais falsificações.
Entre um terço e um quarto desses profissionais diz que não concorda com a ideia de os genéricos serem tão eficazes (30%), nem de terem a mesma segurança (23%) que os remédios de referência.
Quase metade dos médicos (42%) afirma não ter o hábito de prescrever genérico.
Ainda assim, a maior parte deles (92%) relatou ter prescrito genéricos nos últimos 12 meses para reduzir o custo do tratamento ou a pedido do paciente.
Não há evidências científicas de que os genéricos tenham efeito menos eficaz que o dos remédios de marca.

CONSUMIDOR
A percepção da população, no entanto, é positiva. Para 83% das pessoas ouvidas no estudo, os genéricos são tão eficazes quanto os medicamentos de referência. E, para 80% delas, apresentam inclusive a mesma segurança.
A opinião dos entrevistados não mudou quando perguntados se fariam uso dos genéricos para tratamento de doenças de diferentes tipos de gravidade.
Só 8% dos consumidores afirmam que consumir medicamentos genéricos é arriscado. Cerca de 90% dos entrevistados afirmaram também que é fácil encontrar os genéricos nas farmácias.
Hoje, os genéricos representam 21% das vendas (em unidades) de medicamentos no país.
Os dados do trabalho foram apresentados ontem durante seminário internacional em São Paulo.

ORIENTAÇÃO
Para Maria Inês Dolci, coordenadora do ProTeste e colunista da Folha, são necessárias mais campanhas de orientação para os profissionais de saúde e a população.
Segundo ela, a pesquisa chama a atenção para a grande influência exercida pelos farmacêuticos na hora da venda dos medicamentos ao paciente.
"É preciso ter a garantia de que quem está sugerindo um outro remédio é um farmacêutico qualificado, e não um balconista."
A ProTeste também encaminhou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pedido para criação de programa de controle para aumentar o grau de segurança dos genéricos.
Segundo Odnir Finotti, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, pesquisas comprovam a segurança e a eficácia dos genéricos.


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