São Paulo, sábado, 27 de junho de 2009

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Bactérias tornam-se mais resistentes a dois antibióticos

Abuso de antibióticos pode ser responsável por tendência, verificada com causadora de meningite

FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO

O meningococo, principal causador da meningite bacteriana, tornou-se 12,6% mais resistente a dois antibióticos -a penicilina e a ampicilina- em três anos. É o que mostra um estudo do Instituto Adolfo Lutz feito de 2006 a 2008.
Foram examinadas 1.096 cepas. A resistência à penicilina foi de 13,5% para 15,1%. No caso da ampicilina, a variação foi de 13,4% para 15,1%. O crescimento vem ocorrendo desde 2000, quando os estudos começaram a ser feitos, e é relatado também em outros países.
A resistência foi considerada intermediária -isso significa que essas bactérias não são totalmente resistentes aos remédios, mas ficam menos sensíveis, o que pode requerer um aumento de dose.
"No caso de meningite, qualquer resistência é importante, pois é difícil fazer com que os antibióticos penetrem no liquor", diz Eitan Berezin, presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O uso indiscriminado de antibióticos -decorrente da automedicação, por exemplo- contribui para o aumento da resistência, pois mata as bactérias sensíveis e favorece a proliferação das resistentes. "Deveria haver mais cautela no uso de antibióticos", diz Maria Cecília Gorla, pesquisadora científica do instituto.
Segundo Berezin, a penicilina e a ampicilina são remédios de primeira escolha para meningite meningocócica.
Gorla, do Adolfo Lutz, diz que, na prática, quando os médicos ainda não sabem o causador da meningite, muitas vezes usam outros tipos de medicamento. De qualquer forma, o aumento da resistência a esses dois antibióticos contribui para o desenvolvimento de resistência a outros remédios, como os de última geração derivados da ampicilina e da penicilina.
Além disso, o fato de o meningococo estar mais resistente às duas drogas pode significar que outras bactérias, causadoras de doenças tratadas com esses medicamentos, também estejam resistentes a eles. "A penicilina é amplamente usada para pneumonia e outras infecções respiratórias", diz Maria Cristina Brandileone, também pesquisadora científica do Adolfo Lutz.
Foram testados seis antibióticos -não foi detectada resistência significativa aos demais.


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