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Bactérias tornam-se mais resistentes a dois antibióticos
Abuso de antibióticos pode ser responsável por tendência, verificada com causadora de meningite
FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO
O meningococo, principal
causador da meningite bacteriana, tornou-se 12,6% mais resistente a dois antibióticos -a
penicilina e a ampicilina- em
três anos. É o que mostra um
estudo do Instituto Adolfo Lutz
feito de 2006 a 2008.
Foram examinadas 1.096 cepas. A resistência à penicilina
foi de 13,5% para 15,1%. No caso
da ampicilina, a variação foi de
13,4% para 15,1%. O crescimento vem ocorrendo desde 2000,
quando os estudos começaram
a ser feitos, e é relatado também em outros países.
A resistência foi considerada
intermediária -isso significa
que essas bactérias não são totalmente resistentes aos remédios, mas ficam menos sensíveis, o que pode requerer um
aumento de dose.
"No caso de meningite, qualquer resistência é importante,
pois é difícil fazer com que os
antibióticos penetrem no liquor", diz Eitan Berezin, presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O uso indiscriminado de antibióticos -decorrente da automedicação, por exemplo-
contribui para o aumento da
resistência, pois mata as bactérias sensíveis e favorece a proliferação das resistentes. "Deveria haver mais cautela no uso de
antibióticos", diz Maria Cecília
Gorla, pesquisadora científica
do instituto.
Segundo Berezin, a penicilina e a ampicilina são remédios
de primeira escolha para meningite meningocócica.
Gorla, do Adolfo Lutz, diz
que, na prática, quando os médicos ainda não sabem o causador da meningite, muitas vezes
usam outros tipos de medicamento. De qualquer forma, o
aumento da resistência a esses
dois antibióticos contribui para
o desenvolvimento de resistência a outros remédios, como os
de última geração derivados da
ampicilina e da penicilina.
Além disso, o fato de o meningococo estar mais resistente às duas drogas pode significar que outras bactérias, causadoras de doenças tratadas com
esses medicamentos, também
estejam resistentes a eles. "A
penicilina é amplamente usada
para pneumonia e outras infecções respiratórias", diz Maria
Cristina Brandileone, também
pesquisadora científica do
Adolfo Lutz.
Foram testados seis antibióticos -não foi detectada resistência significativa aos demais.
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