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Respiração boca a
boca reduz chances
de sobrevivência
Diretrizes excluem procedimento da ressuscitação
cardíaca e mantêm somente compressão no peito
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes preconizada como parte importante da ressuscitação
cardiopulmonar, a respiração
boca a boca prejudica o procedimento e reduz as chances de
sobrevivência do paciente com
parada cardíaca.
Estudos apontam uma taxa
de sobrevivência três vezes
maior em pessoas submetidas
apenas às compressões contínuas no peito até a chegada de
socorro. Por esse motivo, a Ilcor (Aliança Internacional dos
Comitês de Ressuscitação, na
sigla em inglês), entidade que
reúne as principais associações
de cardiologia, mudará a partir
de 2010 as diretrizes para procedimentos de emergência em
parada cardíaca. De acordo
com a nova orientação, somente a massagem cardíaca deverá
ser aplicada pelo leigo.
"É simples entender por quê.
Quando o coração para, o mais
importante é manter o fluxo
sanguíneo com a compressão.
A respiração boca a boca é uma
das causas que levam a diminuição do fluxo," afirma o cardiologista Sérgio Timerman, do
InCor (Instituto do Coração).
O consenso será publicado
nos principais periódicos internacionais de cardiologia em outubro de 2010, mas já vem sendo discutido em vários países,
incluindo o Brasil.
O voluntário deve ficar ao lado do paciente e iniciar as compressões, pressionando a região entre os mamilos 4 cm para baixo e retornando à posição
inicial até a ajuda chegar.
"O leigo deve esquecer a respiração boca a boca e aplicar somente compressão a partir de
agora. Essa é uma das maiores
descobertas da emergência cardiovascular dos últimos tempos. Para médicos, a orientação
é que a massagem deve ser
prioridade, antes de se preocuparem com choque, medicamentos etc.", afirma o cardiologista Manoel Canesin, coordenador do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da Sociedade
Brasileira de Cardiologia.
Haverá mudanças também
com relação ao uso do desfibrilador. A aplicação de choque
pode ocorrer antes da massagem somente até cerca de quatro minutos após a parada do
coração. Depois desse tempo, a
compressão deve preceder o
uso de desfibrilador. Isso porque, após esse período, há alterações metabólicas no organismo e o coração precisa ser preparado com a compressão antes de receber o choque.
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