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Aids avança em cidades menores
Em municípios com menos de 50 mil habitantes, incidência foi de 4,4 para 8,2 casos por mil pessoas
Nas cidades com mais de 500 mil habitantes, a maior queda na incidência em dez anos foi registrada em Ribeirão Preto (72%)
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Aids avança mais nas cidades com até 50 mil habitantes,
enquanto nos grandes centros
urbanos a tendência é de queda
ou estabilização na incidência.
É o que mostra o boletim epidemiológico divulgado ontem pelo Ministério da Saúde.
Nos municípios com menos
de 50 mil habitantes, a incidência (número de casos por 100
mil habitantes) passou de 4,4
para 8,2 entre 1997 e 2007. Situação inversa ocorreu nas cidades com mais de 500 mil habitantes. Em 1997, esse índice
estava no patamar de 32,3, e a
taxa chegou a 27,4 em 2007.
Ambas as tendências são observadas nas regiões Sudeste,
Sul e Centro-Oeste, de acordo
com a diretora do departamento de DST/Aids do Ministério
da Saúde, Mariângela Simão.
Entre as cidades com mais de
500 mil habitantes, o município com maior queda em dez
anos foi Ribeirão Preto (72%).
"A Aids é uma doença de grandes e pequenos municípios
porque hoje 90% das cidades
no Brasil têm pelo menos um
caso", diz Simão. Segundo ela, o
país tem elevado percentual de
população sexualmente ativa e
os índices de uso regular do
preservativo ainda são baixos.
Para Caio Rosenthal, infectologista do Instituto Emílio Ribas, já se sabia, desde o início da
epidemia de Aids, que haveria
uma "interiorização" da doença. Ele afirma que as campanhas de prevenção sempre ficaram mais focadas nas capitais e
nas cidades maiores. "No interior ainda há muita resistência
à camisinha. As drogas também
são muito frequentes."
Nas regiões Norte e Nordeste, no entanto, há um crescimento da doença tanto nos municípios grandes quanto nos
pequenos. "Há capitais em que
mais que dobrou a incidência
nos últimos dez anos", afirma
Mariângela Simão.
É o caso, por exemplo, de Recife e de Maceió, que registraram aumento superior a 80%
entre os anos de 1997 e 2007.
Em cidades no Norte do país,
a situação é mais preocupante.
Em Belém, a incidência de Aids
teve crescimento de 230% em
dez anos, de acordo com o Ministério da Saúde.
Segundo a diretora do departamento de DST/Aids, os Estados de Roraima e do Amapá
exigem atenção maior porque
há grande fluxo de migração na
fronteira com a Guiana e a
Guiana Francesa. "As Guianas
têm dez vezes a taxa de incidência que existe no Brasil."
Ela indicou também que na
região Norte existe maior dificuldade de acesso geográfico, o
que pode dificultar a procura
por tratamento e diagnóstico.
Casos novos
Dados preliminares mostram que, em 2008, o país teve
34,4 mil casos novos de Aids. O
número é considerado estável
em relação ao ano anterior,
quando houve 33.909 notificações -o Sudeste é ainda concentra o maior percentual de
casos (quase 60% do total).
O Ministério da Saúde estima que haja 630 mil pessoas infectadas no país -sendo que
cerca de 255 mil ainda não se
submeteram ao teste de HIV e
desconhecem a contaminação.
Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI, da Reportagem Local
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