São Paulo, sexta-feira, 27 de novembro de 2009

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Aids avança em cidades menores

Em municípios com menos de 50 mil habitantes, incidência foi de 4,4 para 8,2 casos por mil pessoas

Nas cidades com mais de 500 mil habitantes, a maior queda na incidência em dez anos foi registrada em Ribeirão Preto (72%)


LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Aids avança mais nas cidades com até 50 mil habitantes, enquanto nos grandes centros urbanos a tendência é de queda ou estabilização na incidência. É o que mostra o boletim epidemiológico divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. Nos municípios com menos de 50 mil habitantes, a incidência (número de casos por 100 mil habitantes) passou de 4,4 para 8,2 entre 1997 e 2007. Situação inversa ocorreu nas cidades com mais de 500 mil habitantes. Em 1997, esse índice estava no patamar de 32,3, e a taxa chegou a 27,4 em 2007.
Ambas as tendências são observadas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, de acordo com a diretora do departamento de DST/Aids do Ministério da Saúde, Mariângela Simão. Entre as cidades com mais de 500 mil habitantes, o município com maior queda em dez anos foi Ribeirão Preto (72%).
"A Aids é uma doença de grandes e pequenos municípios porque hoje 90% das cidades no Brasil têm pelo menos um caso", diz Simão. Segundo ela, o país tem elevado percentual de população sexualmente ativa e os índices de uso regular do preservativo ainda são baixos.
Para Caio Rosenthal, infectologista do Instituto Emílio Ribas, já se sabia, desde o início da epidemia de Aids, que haveria uma "interiorização" da doença. Ele afirma que as campanhas de prevenção sempre ficaram mais focadas nas capitais e nas cidades maiores. "No interior ainda há muita resistência à camisinha. As drogas também são muito frequentes."
Nas regiões Norte e Nordeste, no entanto, há um crescimento da doença tanto nos municípios grandes quanto nos pequenos. "Há capitais em que mais que dobrou a incidência nos últimos dez anos", afirma Mariângela Simão.
É o caso, por exemplo, de Recife e de Maceió, que registraram aumento superior a 80% entre os anos de 1997 e 2007. Em cidades no Norte do país, a situação é mais preocupante. Em Belém, a incidência de Aids teve crescimento de 230% em dez anos, de acordo com o Ministério da Saúde. Segundo a diretora do departamento de DST/Aids, os Estados de Roraima e do Amapá exigem atenção maior porque há grande fluxo de migração na fronteira com a Guiana e a Guiana Francesa. "As Guianas têm dez vezes a taxa de incidência que existe no Brasil."
Ela indicou também que na região Norte existe maior dificuldade de acesso geográfico, o que pode dificultar a procura por tratamento e diagnóstico.

Casos novos
Dados preliminares mostram que, em 2008, o país teve 34,4 mil casos novos de Aids. O número é considerado estável em relação ao ano anterior, quando houve 33.909 notificações -o Sudeste é ainda concentra o maior percentual de casos (quase 60% do total). O Ministério da Saúde estima que haja 630 mil pessoas infectadas no país -sendo que cerca de 255 mil ainda não se submeteram ao teste de HIV e desconhecem a contaminação.

Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI, da Reportagem Local



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