São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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Associação de exames ajuda a detectar câncer anal

FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Talvez por não estar entre os tumores mais prevalentes, o câncer anal é negligenciado e acaba sendo descoberto tarde demais. O alerta é da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, que afirma que, apesar de haver exames simples, baratos e disponíveis pelo SUS que detectam o problema, eles raramente são indicados por desconhecimento dos próprios médicos.
"Os exames deveriam ser feitos rotineiramente, mas não são", diz Caio Nahas, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo) e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira. Ele fez um estudo que comparou dois testes: o papanicolaou anal -semelhante ao ginecológico- e a biópsia guiada por anuscopia com magnificação de imagem -teste parecido com a colposcopia, feita em mulheres. Concluiu que o papanicolaou sozinho não é suficiente para detectar as lesões pré-cancerígenas.
"Em geral, a biópsia com anuscopia só é pedida se o papanicolaou der alguma alteração. Mas, para grupos de risco, deveria ser considerado fazer os dois de uma vez, ao menos na primeira consulta", diz Nahas.
Mulheres com mais de 60 anos, pessoas contaminadas com HPV ou que têm baixa imunidade por vírus como o HIV são mais predispostas. A prática de sexo anal também contribui, por levar o HPV ao ânus. Além disso, quem tiver sintomas como coceira, sangramento, dor ou ferida no ânus deve procurar um médico.
O cirurgião oncológico Pedro Basílio, do serviço de abdômen do Inca (Instituto Nacional de Câncer), diz que um simples exame clínico no canal anal pode ajudar a detectar lesões. "Ginecologistas, urologistas e clínicos devem se lembrar disso ao examinar o paciente."
A prevalência desse câncer aumentou, na última década, de 0,8 para 1,2 para cada 100 mil habitantes, em 2008 -provavelmente devido à maior sobrevida dos pacientes com HIV. "Antigamente eles morriam antes de outra coisa", diz Nahas. Entre homossexuais, o índice é de 35 em cada 100 mil.
Um incentivo a mais para a detecção precoce é que se trata de um câncer com grande chance de cura: 75%.


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