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Associação de exames ajuda a detectar câncer anal
FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Talvez por não estar entre os
tumores mais prevalentes, o
câncer anal é negligenciado e
acaba sendo descoberto tarde
demais. O alerta é da Sociedade
Brasileira de Coloproctologia,
que afirma que, apesar de haver
exames simples, baratos e disponíveis pelo SUS que detectam o problema, eles raramente são indicados por desconhecimento dos próprios médicos.
"Os exames deveriam ser feitos rotineiramente, mas não
são", diz Caio Nahas, cirurgião
do aparelho digestivo do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo) e do
Instituto do Câncer do Estado
de São Paulo Octavio Frias de
Oliveira. Ele fez um estudo que
comparou dois testes: o papanicolaou anal -semelhante ao
ginecológico- e a biópsia guiada por anuscopia com magnificação de imagem -teste parecido com a colposcopia, feita
em mulheres. Concluiu que o
papanicolaou sozinho não é suficiente para detectar as lesões
pré-cancerígenas.
"Em geral, a biópsia com
anuscopia só é pedida se o papanicolaou der alguma alteração. Mas, para grupos de risco,
deveria ser considerado fazer
os dois de uma vez, ao menos na
primeira consulta", diz Nahas.
Mulheres com mais de 60
anos, pessoas contaminadas
com HPV ou que têm baixa
imunidade por vírus como o
HIV são mais predispostas. A
prática de sexo anal também
contribui, por levar o HPV ao
ânus. Além disso, quem tiver
sintomas como coceira, sangramento, dor ou ferida no ânus
deve procurar um médico.
O cirurgião oncológico Pedro
Basílio, do serviço de abdômen
do Inca (Instituto Nacional de
Câncer), diz que um simples
exame clínico no canal anal pode ajudar a detectar lesões. "Ginecologistas, urologistas e clínicos devem se lembrar disso
ao examinar o paciente."
A prevalência desse câncer
aumentou, na última década,
de 0,8 para 1,2 para cada 100
mil habitantes, em 2008 -provavelmente devido à maior sobrevida dos pacientes com
HIV. "Antigamente eles morriam antes de outra coisa", diz
Nahas. Entre homossexuais, o
índice é de 35 em cada 100 mil.
Um incentivo a mais para a
detecção precoce é que se trata
de um câncer com grande
chance de cura: 75%.
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