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37% descobrem linfoma em check-up
Levantamento da Abrale entrevistou 895 pacientes no país no ano passado; doença apresenta cerca de 60 subtipos
Aumento dos gânglios e aparecimento de ínguas foram os sintomas mais relatados, seguidos de perda de peso e cansaço
FERNANDA BASSETTE
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um levantamento realizado
pela Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia)
aponta que apenas 37% dos pacientes diagnosticados com linfoma no ano passado descobriram a doença durante exames
de rotina, antes de apresentar
os primeiros sintomas, como
aconteceu com a ministra Dilma Rousseff. Os outros 63%
procuraram o médico quando
já estavam com sinal aparente.
Foram ouvidos 895 pacientes.
De acordo com a pesquisa, o
sinal mais evidente e que chamou atenção dos pacientes foi
o aumento dos gânglios ou o
aparecimento de ínguas -situação relatada por 66,23% dos
pacientes. Perda de peso vem
logo depois (27,82% dos entrevistados), seguida de cansaço
sem motivo (relatado por
22,35% dos pacientes).
O diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura, e a doença pode ser
flagrada durante um exame clínico. "O médico precisa pôr a
mão no paciente", diz o hematologista Jacques Tabacof, do
hospital Albert Einstein.
O câncer linfático apresenta
alguns sinais simples, que podem ser facilmente observados
pelo paciente. O principal são
gânglios aumentados e duros,
indolores, que duram mais do
que um mês, especialmente nas
regiões do pescoço, axila e virilha. Mas os gânglios também
podem aparecer no estômago e
no tórax -locais mais difíceis
de serem notados.
Terapia-alvo
A pesquisa também mostrou
que, três meses após o diagnóstico, a maioria dos pacientes teve acesso ao tratamento com
remédios imunoterápicos
-mesmo tendo que recorrer à
Justiça. Do total de pacientes,
97,21% faz tratamento com
quimioterapia.
O tratamento convencional
usa a quimioterapia, que destrói tanto as células doentes
quanto as saudáveis, provocando sérios efeitos colaterais. A
imunoterapia associada à quimio potencializa a ação do quimioterápico, além de destruir
apenas as células doentes.
"O medicamento deve ser
aplicado ao mesmo tempo em
que o paciente recebe a quimioterapia. Além de ser menos tóxico e de ter menos efeitos colaterais, estudos apontam que
aumenta em 20% as chances de
cura", afirma o hematologista
Carlos Chiattone, presidente
da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia.
Segundo Merula Steagall,
presidente da Abrale, 48% dos
entrevistados tiveram que recorrer ao sistema judiciário para receber a terapia com anticorpos monoclonais, chamada
de imunoterapia, associada à
quimioterapia, que não se aplica a todos os tipos de linfoma.
"Em alguns casos, há certeza
do benefício da imunoterapia,
mas outros ainda estão em discussão", explica Jane Dobbin,
chefe do serviço de hematologia do Inca (Instituto Nacional
de Câncer). Por isso nem sempre essa alternativa é oferecida
aos pacientes do SUS, diz ela.
O linfoma é um termo que
abrange cerca de 60 subtipos da
doença. "O não Hodgkin é o
sexto tipo mais frequente de
câncer", diz o hematologista
Celso Massumoto, do Hospital
Sírio-Libanês. As chances de
cura são altas, dependendo do
tipo e do estágio da doença.
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