São Paulo, terça-feira, 28 de abril de 2009

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37% descobrem linfoma em check-up

Levantamento da Abrale entrevistou 895 pacientes no país no ano passado; doença apresenta cerca de 60 subtipos

Aumento dos gânglios e aparecimento de ínguas foram os sintomas mais relatados, seguidos de perda de peso e cansaço

FERNANDA BASSETTE
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um levantamento realizado pela Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) aponta que apenas 37% dos pacientes diagnosticados com linfoma no ano passado descobriram a doença durante exames de rotina, antes de apresentar os primeiros sintomas, como aconteceu com a ministra Dilma Rousseff. Os outros 63% procuraram o médico quando já estavam com sinal aparente. Foram ouvidos 895 pacientes.
De acordo com a pesquisa, o sinal mais evidente e que chamou atenção dos pacientes foi o aumento dos gânglios ou o aparecimento de ínguas -situação relatada por 66,23% dos pacientes. Perda de peso vem logo depois (27,82% dos entrevistados), seguida de cansaço sem motivo (relatado por 22,35% dos pacientes).
O diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura, e a doença pode ser flagrada durante um exame clínico. "O médico precisa pôr a mão no paciente", diz o hematologista Jacques Tabacof, do hospital Albert Einstein.
O câncer linfático apresenta alguns sinais simples, que podem ser facilmente observados pelo paciente. O principal são gânglios aumentados e duros, indolores, que duram mais do que um mês, especialmente nas regiões do pescoço, axila e virilha. Mas os gânglios também podem aparecer no estômago e no tórax -locais mais difíceis de serem notados.

Terapia-alvo
A pesquisa também mostrou que, três meses após o diagnóstico, a maioria dos pacientes teve acesso ao tratamento com remédios imunoterápicos -mesmo tendo que recorrer à Justiça. Do total de pacientes, 97,21% faz tratamento com quimioterapia.
O tratamento convencional usa a quimioterapia, que destrói tanto as células doentes quanto as saudáveis, provocando sérios efeitos colaterais. A imunoterapia associada à quimio potencializa a ação do quimioterápico, além de destruir apenas as células doentes.
"O medicamento deve ser aplicado ao mesmo tempo em que o paciente recebe a quimioterapia. Além de ser menos tóxico e de ter menos efeitos colaterais, estudos apontam que aumenta em 20% as chances de cura", afirma o hematologista Carlos Chiattone, presidente da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia.
Segundo Merula Steagall, presidente da Abrale, 48% dos entrevistados tiveram que recorrer ao sistema judiciário para receber a terapia com anticorpos monoclonais, chamada de imunoterapia, associada à quimioterapia, que não se aplica a todos os tipos de linfoma.
"Em alguns casos, há certeza do benefício da imunoterapia, mas outros ainda estão em discussão", explica Jane Dobbin, chefe do serviço de hematologia do Inca (Instituto Nacional de Câncer). Por isso nem sempre essa alternativa é oferecida aos pacientes do SUS, diz ela.
O linfoma é um termo que abrange cerca de 60 subtipos da doença. "O não Hodgkin é o sexto tipo mais frequente de câncer", diz o hematologista Celso Massumoto, do Hospital Sírio-Libanês. As chances de cura são altas, dependendo do tipo e do estágio da doença.


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