São Paulo, terça-feira, 29 de setembro de 2009

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Peso sobe risco de tumor de endométrio em jovens

Estudo é um dos poucos a focar em mulheres que não entraram na menopausa

IMC acima de 25 na idade adulta aumenta em seis vezes o risco; excesso de peso pode se tornar a maior causa de câncer na mulher

GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL

A obesidade aumenta o risco de câncer de endométrio em mulheres jovens, mostra uma pesquisa feita pelos CDC (Centros para Controle e Prevenção de Doenças) com a Universidade Emory, nos Estados Unidos.
A doença é mais frequente na pós-menopausa e atinge mulheres com, em média, 61 anos. Segundo os autores, já se sabe que a obesidade está relacionada a esse tumor, mas esse é um dos poucos estudos com foco nas mulheres jovens.
Os pesquisadores avaliaram 421 casos desse câncer em mulheres com idades entre 20 e 54 anos e compararam os dados com as informações de mais de 3.000 mulheres que serviram de grupo controle.
O fato de ter um IMC de, pelo menos, 25 aos 18 anos de idade (o que indica sobrepeso) aumentou em seis vezes o risco do aparecimento do tumor.
"O estudo mostra o impacto da obesidade mesmo em mulheres na pré-menopausa", diz Maria del Pilar Estevez Diz, coordenadora do ambulatório de oncologia clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira.
"A novidade é que se trata de um estudo populacional bem desenhado em mulheres jovens", diz o ginecologista Maurício Abrão, da Universidade de São Paulo e médico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
"Outro dado interessante é que, quanto maior o grau de obesidade, maior o risco", observa Glauco Baiocchi Neto, diretor do departamento de ginecologia do Hospital A.C.Camargo. "O estudo deve ser visto como um alerta e reitera que devemos tratar a obesidade como um problema de saúde pública desde a idade jovem."
A obesidade leva a um aumento dos níveis de estrogênio, hormônio que atua no endométrio estimulando a proliferação de suas células. O estímulo permanente facilita o surgimento de anormalidades que podem levar ao câncer.
O diagnóstico é feito normalmente pelo ultrassom, que aponta alterações na parede do útero. Quando detectado precocemente, esse tumor tem alto índice de cura. Mas o tratamento inclui, na maioria das vezes, a retirada do útero.

124 mil casos
Um estudo da Universidade de Manchester, apresentado no congresso europeu de oncologia clínica, na Alemanha, diz que o excesso de peso está por trás de mais de 124 mil casos de câncer na Europa no último ano. A proporção foi maior nas mulheres e os mais citados foram os tumores de endométrio, mama e colorretal.
Os autores sugerem que a obesidade pode se tornar a maior causa de câncer nas mulheres na próxima década.
Para chegar ao resultado, eles criaram um modelo que estima a proporção de tumores que poderiam ser atribuídos à obesidade usando dados da Organização Mundial da Saúde e da "International Agency for Research on Cancer".


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