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Peso sobe risco de tumor de endométrio em jovens
Estudo é um dos poucos a focar em mulheres que não entraram na menopausa
IMC acima de 25 na idade adulta aumenta em seis vezes o risco; excesso de peso pode se tornar a maior causa de câncer na mulher
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
A obesidade aumenta o risco
de câncer de endométrio em
mulheres jovens, mostra uma
pesquisa feita pelos CDC (Centros para Controle e Prevenção
de Doenças) com a Universidade Emory, nos Estados Unidos.
A doença é mais frequente na
pós-menopausa e atinge mulheres com, em média, 61 anos.
Segundo os autores, já se sabe
que a obesidade está relacionada a esse tumor, mas esse é um
dos poucos estudos com foco
nas mulheres jovens.
Os pesquisadores avaliaram
421 casos desse câncer em mulheres com idades entre 20 e 54
anos e compararam os dados
com as informações de mais de
3.000 mulheres que serviram
de grupo controle.
O fato de ter um IMC de, pelo
menos, 25 aos 18 anos de idade
(o que indica sobrepeso) aumentou em seis vezes o risco do
aparecimento do tumor.
"O estudo mostra o impacto
da obesidade mesmo em mulheres na pré-menopausa", diz
Maria del Pilar Estevez Diz,
coordenadora do ambulatório
de oncologia clínica do Instituto do Câncer do Estado de São
Paulo Octavio Frias de Oliveira.
"A novidade é que se trata de
um estudo populacional bem
desenhado em mulheres jovens", diz o ginecologista Maurício Abrão, da Universidade de
São Paulo e médico do Hospital
Sírio-Libanês, em São Paulo.
"Outro dado interessante é
que, quanto maior o grau de
obesidade, maior o risco", observa Glauco Baiocchi Neto, diretor do departamento de ginecologia do Hospital A.C.Camargo. "O estudo deve ser visto como um alerta e reitera que devemos tratar a obesidade como
um problema de saúde pública
desde a idade jovem."
A obesidade leva a um aumento dos níveis de estrogênio,
hormônio que atua no endométrio estimulando a proliferação de suas células. O estímulo permanente facilita o surgimento de anormalidades que
podem levar ao câncer.
O diagnóstico é feito normalmente pelo ultrassom, que
aponta alterações na parede do
útero. Quando detectado precocemente, esse tumor tem alto índice de cura. Mas o tratamento inclui, na maioria das
vezes, a retirada do útero.
124 mil casos
Um estudo da Universidade
de Manchester, apresentado no
congresso europeu de oncologia clínica, na Alemanha, diz
que o excesso de peso está por
trás de mais de 124 mil casos de
câncer na Europa no último
ano. A proporção foi maior nas
mulheres e os mais citados foram os tumores de endométrio,
mama e colorretal.
Os autores sugerem que a
obesidade pode se tornar a
maior causa de câncer nas mulheres na próxima década.
Para chegar ao resultado, eles
criaram um modelo que estima
a proporção de tumores que
poderiam ser atribuídos à obesidade usando dados da Organização Mundial da Saúde e da
"International Agency for Research on Cancer".
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