RAFAEL GARCIA
DE WASHINGTON

Dois remédios receitados para tratar depressão em pacientes com mal de Alzheimer falharam em mostrar eficácia num teste independente.
Pesquisadores de nove centros de tratamento liderados pelo King's College de Londres afirmam que as drogas sertralina e mirtazepina não se mostraram mais eficientes do que placebo.
O trabalho, publicado na revista médica "The Lancet", avaliou a evolução de 218 pacientes para fazer a comparação. Além de as drogas não funcionarem, pacientes sob efeito dos remédios tiveram mais efeitos colaterais negativos, sobretudo reações gastrointestinais e neurológicas.
Segundo Sube Banerjee, do King's College, 20% dos pacientes com mal de Alzheimer também têm depressão. "A prática corrente, que é a de usar antidepressivos quando os sintomas se manifestam, porém, não tem dado certo."
"A depressão nos pacientes com demência é diferente, porque há uma morte generalizada de neurônios e problemas com neurotransmissores ao mesmo tempo."
A Pfizer, fabricante do Zoloft (nome comercial da sertralina) não questionou o estudo e enviou um comunicado com referências de testes clínicos favoráveis ao uso da droga em populações mais abrangentes com depressão.
"Muitas vezes, os remédios não são usados contra os sintomas depressivos, mas para reduzir a agressividade e a agitação em pessoas com Alzheimer", diz a empresa.
Banerjee afirma que a conclusão do estudo não deve levar a uma condenação do uso da droga em pacientes sem o mal de Alzheimer.
Peter Kramer, psiquiatra da Universidade Brown (EUA), diz que estudos com subpopulações de pacientes são bem-vindos. "Os antidepressivos parecem ser úteis em contextos de derrame, epilepsia e esclerose múltipla, mas não em Parkinson e, agora, nem em Alzheimer."


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