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Psiquiatra afirma que a legalização aumentaria o uso
DE SÃO PAULO
No Brasil, 2,6% da população já experimentou maconha. Na Europa Ocidental,
7%. Na América do Norte e na
Oceania, 11% e 16%.
Para o psiquiatra Ronaldo
Laranjeira, legalizar a droga
no Brasil seria aceitar o risco
de ver o consumo disparar.
"O preço seria ver o país chegar em um padrão australiano daqui a dez anos. Se isso
acontecer, em um país sem
retaguarda do sistema de
saúde, a população necessitada vai ficar desassistida."
O trabalho de Robin Room
cita o caso da Holanda, onde
é possível fumar a erva em
coffee shops, embora a maconha não seja legalizada.
Lá, com o crescimento no
número desses estabelecimentos, o número de jovens
entre 18 e 20 anos que já tinha fumado subiu de 15%
para 44% em 12 anos.
"A maconha não faz parte
da nossa cultura. Se você fizer um plebiscito sobre a legalização, ela perde fácil",
acredita Laranjeira.
Já o neurologista Sidarta
Ribeiro prega a legalização.
"Por que a maconha é considerada porta de entrada para
as outras drogas? Porque as
outras são vendidas pelos
mesmos traficantes", diz.
Apesar do aumento no número de usuários, a Holanda
teve sucesso em afastá-los de
traficantes: 87% da maconha
consumida em Amsterdã é
comprada em coffe shops.
Laranjeira acha que o
maior objetivo de uma política sobre a maconha deve ser
evitar aumento no número
de usuários. Ribeiro se preocupa mais em tirar a erva da
mão dos traficantes.
"Nada garante que, após a
legalização, variações mais
perigosas da maconha não
surjam, como já ocorre no
Reino Unido", diz Laranjeira.
O trabalho de Room fala
pouco sobre o uso medicinal
da maconha, outra área em
que os pesquisadores discordam. Ribeiro aponta os benefícios contra dor e insônia,
por exemplo. Laranjeira acha
que há substâncias melhores
para tratar esses sintomas.
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