São Paulo, sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

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Médicos recomendam água e paciência; "fogo de encontro", não

GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO

Se o assunto é ressaca, sempre tem quem indique um chá poderoso ou um drinque pela manhã para curar os efeitos da bebedeira.
Mas o que fazem os médicos para evitar a própria ressaca? Para o gastroenterologista Gustavo Andrade de Paulo, que é também diretor da Associação Brasileira de Sommeliers, não há fórmula milagrosa para aliviar porre.
"Na internet, há zilhões de dicas para tratar e evitar a ressaca, mas, do ponto de vista científico, a única 100% garantida é não beber", afirma o médico.
Sal de fruta, ginseng, exercícios físicos -nada disso pode ser provado, afirma. "Só água e paciência. Não tem jeito de tratar".
Nem mesmo um chá-verde ou de boldo pode acabar com a sensação de mal-estar.
"Chá, só como hidratação, mas não mais que isso", afirma o médico sommelier.
O pediatra Arthur Azevedo, também especialista em vinhos, concorda. "Essa história de que o chá protege o fígado é conversa mole. Não tem comprovação."
Outro mito derrubado pelos médicos é o de que uma dose no dia seguinte ("fogo de encontro") cura a ressaca.
"É um paliativo que não resolve", aponta o gastro Gustavo de Paulo. Segundo ele, isso só retarda uma ressaca que é inevitável.
O mal-estar fica pior quando o fígado termina de quebrar as moléculas do etanol e começa a metabolizar as outras substâncias presentes na bebida, como o metanol.
O novo drinque despeja mais etanol no corpo e faz o fígado parar a metabolização daquelas substâncias e voltar a converter etanol.
"A melhora é passageira. Depois, vem o rebote."

BEBIDA DE BÁRBARO
Os principais responsáveis pela ressaca são a desidratação e a redução dos níveis de açúcar no sangue causadas pelo álcool.
Para repor tanto a água quanto o açúcar perdidos, Ricardo Barbuti, secretário-geral da Federação Brasileira de Gastroenterologia, recomenda intercalar os copos de bebida com sucos.
"Suco ajuda porque tem glicose. É melhor do que água", recomenda.
Para cada tipo de bebida alcoólica, uma ressaca diferente, afirma Barbuti.
"Quanto mais colorida e cheirosa, pior, já que essas bebidas têm muitos aditivos, liberados na fermentação."
Arthur Azevedo recomenda evitar bebidas destiladas, porque a concentração de álcool nelas é muito maior.
Com a empolgação da festa, fica muito fácil se descontrolar. "Bebida de bárbaro", diz ele, nem pensar. "Vai de vinho branco, champanhe. Nada agressivo."


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