São Paulo, domingo, 07 de junho de 2009

Índice

Semana do Leitor

leitor@uol.com.br




Homens e máquinas
"Uma discussão de especialistas sobre o acidente com o avião da Air France me fez pensar sobre a falibilidade das máquinas. Cada um versava sobre as maravilhas dos aviões e seus inúmeros recursos tecnológicos, que impediriam qualquer tipo de falha mecânica. O Airbus não precisa de cabos para ligar os comandos às peças do avião, é tudo elétrico e, em caso de uma pane, existe o que eles chamam de "redundância", várias maneiras de resolver um mesmo problema automaticamente. Nem mesmo um raio é capaz de abalar a confiabilidade dos sistemas.
O problema é que, mesmo com a ausência de falha aparente, dezenas de pessoas sumiram no meio do oceano Atlântico, sem nenhuma explicação. E as hipóteses não param de surgir, inclusive teorias conspiratórias de bombas e sabotagens. Se errar é humano, mais lógico, para aqueles que não hesitam em colocar as mãos no fogo por cada parafuso meticulosamente testado, que um piloto, um técnico ou o responsável pela manutenção seja o causador da tragédia. Mas isso só poderia se comprovar com a abertura da caixa preta.
Toda essa polêmica me fez lembrar de HAL, a máquina do filme de Stanley Kubrick "2001:
Uma Odisseia no Espaço". A série HAL 9000, um sistema altamente complexo e que jamais apresentou histórico de erro, torna-se o principal membro de uma expedição ao planeta Júpiter, a quem cabem todas as funções técnicas, especialmente manter vivos três tripulantes em estado de hibernação. De tão perfeito, HAL deixa a impressão de uma falsa humanidade e a confiança em sua eficácia leva a sérias perdas na missão. HAL manipula o sistema a seu favor, pois, como toda a máquina, não é 100% infalível.
O acidente do último domingo e a história de HAL nos fazem pensar até que ponto estamos submetidos a uma confiança cega nas maravilhas criadas pelo homem. Acidentes acontecem, e o terror se sobrepõe à certeza da segurança aérea quando os baixos índices, as mínimas porcentagens, começam a fazer parte de uma roleta russa. Para os adeptos de fortes emoções, ficará sempre a dúvida sobre o que pode acontecer."
RAYANE BRAGA (Gama, DF)

Data
"Primeiro de junho passará para a história como o dia em que as GMs quebraram. Digo GMs porque não foi só a General Motors. Foi também a "Gazeta Mercantil". Mas, além da data, há outra coincidência: a quebra de ambas se deveu ao passivo trabalhista. É para se pensar."
GILBERTO DIB (São Paulo, SP)

Belém e a Copa
"No Pará, a sensação após o anúncio das cidades-sede da Copa de 2014 foi a de que a Fifa e a CBF esqueceram a capital do futebol na Amazônia. Mas não foi só isso. A eliminação de Belém deixou um grande vazio no mapa. A distância entre Belém e Manaus equivale à que separa Rio de Janeiro de Porto Alegre.
O Pará, o Estado mais populoso da região, havia recebido o apoio dos vizinhos Amapá, Tocantins e Maranhão, que não lançaram candidaturas. Juntos, os quatros Estados somam 15 milhões de habitantes. Quase a metade, 7 milhões de habitantes, moram no próprio Pará, que tem o dobro da população do Amazonas.
Em Belém, os moradores também questionam a escolha de Natal, que fica relativamente próxima a outras três cidades-sede do Nordeste: Fortaleza, Recife e Salvador. No Rio Grande do Norte, que tem Natal como capital, são 3 milhões de habitantes.
Fica uma pergunta: numa Copa já chamada "do ambiente", por que eleger só uma cidade no Norte, que detém praticamente metade do território nacional e abriga também a Amazônia?"
LEONARDO RIBEIRO DOS SANTOS (Belém, PA)

 

"Há muitos anos que enfrentamos a falta de zelo com os interesses do Pará. Ainda no governo militar, assistimos ao desmanche de nossa eficiente malha ferroviária, indo os trilhos servir de poste de iluminação em Estados vizinhos.
Nosso minério de qualidade tem sido embarcado no porto de Itaqui (MA), quando o porto mais estratégico seria o de Vila do Conde (PA). A grande maioria dos voos internacionais foi deslocada para Manaus e para cidades do Nordeste. Nossa madeira é saqueada clandestinamente diuturnamente.
Nosso ouro de Serra Pelada foi-se e ficou-nos apenas o buraco. Nossa rede hoteleira ficou sucateada por muito tempo. O turismo no Estado cresce a passos de cágado.
Ocupamos a mídia nacional com violência urbana, mortes no campo, grilagem de terras, contrabando de animais silvestres, violência contra as crianças, mortalidade infantil, deficiência dos serviços de saúde pública. O ensino público é de péssima qualidade, e sem educação não há progresso.
Nosso parque industrial é mínimo e prevalece uma cultura extrativista. Nosso futebol, de tantas tradições no cenário nacional, ficou limitado às séries C e de acesso à D no ranking brasileiro.
Com sérios problemas de saúde, segurança, transporte, estádios e infraestrutura, seria realmente uma ingenuidade muito grande acreditar na escolha de Belém, baseada apenas nas tradições e na simpatia de nosso povo tão hospitaleiro.
É necessário que os paraenses de nascimento ou por adoção façam uma reflexão profunda sobre a situação que envolve o Estado, e que busquemos identificar lideranças que realmente amem essa terra e que estejam dispostas a trabalhar por ela. O Amazonas parece fazer muito bem a sua parte. Parabéns."
JORGE ALBERTO LANGBECK OHANA (Belém, PA)

Enchentes
"O descaso com as vítimas das enchentes do Norte e do Nordeste do país também atinge o meio artístico. Até hoje nenhum artista consagrado pela mídia se dispôs a realizar shows em prol dos flagelados."
JAIRO EDWARD DE LUCA (São Paulo, SP)

Além da escola
"Além dos professores que integram as redes públicas de ensino, não se pode minimizar o papel de diretores, coordenadores, funcionários de apoio, pais e alunos, peças importantíssimas dentro da escola.
Entretanto, pouco adiantará se continuarmos acreditando que a escola é a maior responsável pela formação do cidadão.
Sabe-se da fragilidade no aspecto social e econômico de muitas famílias e da consequente alienação destas no importante papel da educação informal."
ANTONINA DI SALVO MASTRANTONIO (São Carlos, SP)

 

"O que falta para melhorar a educação? Falta resgatar o respeito e a dignidade do professor -aumento do salário funciona, sim! Mas precisamos criar mecanismos para que todos se empenhem em ajudar os jovens e isso passa pelo cumprimento de regras, disciplina, responsabilidade.
O que estamos vendo são jovens que nada respeitam, porque a vida está lhes ensinando que estão acima dos direitos alheios e que seus erros são de responsabilidades de outras pessoas."
JOÃO GONÇALVES DE OLIVEIRA (Jaú, SP)

 

""Viver intensamente" é o lema da humanidade, que se vai tornando cada vez mais afoita em suas ações e reações diante de uma natureza pacífica, sempre disposta a nos fornecer os elementos fundamentais de nossa subsistência.
Penetrar no micro e no macrocosmo, por exemplo, é um dos objetivos que despertam a curiosidade intrínseca do homem, que, para isso, procura adquirir o máximo de conhecimento por meio da aprendizagem e da pesquisa em todas as áreas ao seu alcance. Muitas vezes sacrifica seus semelhantes e os demais animais para satisfazer sua vaidade. Parece um dilema entre progresso cultural e moralidade, entendendo-se que esta última deveria acompanhar, de perto, o primeiro.
É estranho que, diante de tantas "religiões", que se acumulam na mente humana, mesmo assim os casos "espúrios" ainda ilustrem a mídia em suas manchetes. Onde está a justiça, o senso humano, o temor a Deus, enfim, a solidariedade, o amor, a humildade deste ser, possuidor de uma imaginação prodigiosa e fértil, comprovada por grandes obras de arte, ciência e literatura?"
AIMONE CAMARDELLA (Rio de Janeiro, RJ)


Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.