São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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Semana do Leitor

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Rafael Andrade/Folha Imagem
O que sobrou de uma casa no morro do Bumba, em Niterói




Tragédias

"É lamentável que tragédias se repitam toda vez que chove nas grandes cidades brasileiras. Mas é bom lembrar que esses acontecimentos nada têm a ver com fenômenos da natureza, nem com castigo de Deus ou do Diabo.
As catástrofes no Rio, em São Paulo e em tantas outras cidades nem sequer têm a ver com a ação do homem sobre o ambiente. Têm a ver, sim, com a governabilidade dos homens. Têm a ver com aqueles que governam um país, um Estado ou uma cidade.
Têm tudo a ver com um governo que não investe em tecnologia para prevenir essas tragédias e prioriza investimentos para, por exemplo, modernizar o sistema eleitoral. No Brasil, uma hora depois de uma eleição presidencial, já se pode saber quem foi o vencedor graças aos investimentos em urnas eletrônicas. Nos EUA, por exemplo, a apuração dos votos numa eleição assim demora de quatro a cinco dias.
Mas lá eles já conseguem prever as condições climáticas e saber se vai chover no dia seguinte e até qual a intensidade da chuva. As nossas autoridades até têm gravada uma declaração para essas ocasiões: "Vamos estudar as causas e tomar as providências". Só que o estudo e as providências dos nossos governantes estão sempre voltados para o interesse da classe política, nunca para o bem-estar da população. E, se brincar, eles ainda culpam a população pelo descuido."
FRANCISCO RIBEIRO MENDES (Brasília, DF)

"Quando morrerem -um dia isso acontecerá-, para onde irão os administradores das grandes cidades? Pergunto isso porque, quando chove e "suas" cidades são acometidas pelas piores tragédias, a culpa é de Deus; se acontece um incêndio numa favela, por exemplo, é culpa do Diabo. Não sei se haverá lugar para eles após a morte."
MARCOS BARBOSA (Casa Branca, SP)

"Nas calamidades no Brasil devido às fortes chuvas, cabe como uma luva a expressão: "Eu já sabia!".
Vamos falar de dois pontos críticos das maiores metrópoles brasileiras: em São Paulo, o transbordamento do Tietê; no Rio, o alagamento na praça da Bandeira. Esses são os dois símbolos da incompetência de nossos governantes.
Se nessas cidades é assim, imaginemos o tratamento dado às demais cidades do nosso país, principalmente às comunidades pobres. E o pior é que os responsáveis ainda se promovem em cima da desgraça alheia. É assim há décadas, e não se encontra uma solução. Há quem diga que esse tipo de obra não dá voto, daí a negligência. Eles preferem os "choques de ordem", royalties, Copa do Mundo, Olimpíada... Até porque dificilmente acontecem duas calamidades no mesmo governo."
EMANUEL CANCELLA (Rio de Janeiro, RJ)

"De novo, o velho dilema do Brasil consigo mesmo: como finge não ter passado, ou se envergonha dele, o país prefere esquecer as causas que o levaram a essa miserável diferença social. A mesma que faz com que pessoas dignas tenham de viver empilhadas em cima de morros, lixões, encostas e o que mais for. Ou acertamos as contas com a nossa história, ou só temos de nos preparar para novas tragédias, quem sabe aí, onde você está agora."
LUIZ SERENINI PRADO (Goiânia, GO)

"O secretário de Serviços Públicos de Niterói, José Mocarzel, em 8/4, ao ser entrevistado na TV sobre o que seria feito pelos desabrigados dos deslizamentos, desatou a discorrer sobre o programa Minha Casa, Minha Vida, sobre a contribuição do governo federal etc. Parecia até aqueles meninos que correm atrás de turistas no Nordeste e vão falando e falando o que decoraram e, quando são interrompidos, precisam retornar ao princípio, por ser tudo decoradinho. Ora, secretário, oportunismo também tem hora!"
CLÉA M. CORRÊA (São Paulo, SP)

"A desculpa recorrente do governo federal para justificar as tragédias causadas pelas chuvas e tentar se eximir de responsabilidades é, com algumas ligeiras variações, que "choveu em 24 horas o previsto para chover ao longo do mês". Pois bem, se a previsão de chuvas foi subestimada, isso só evidencia que o órgão responsável por ela, o Inmet, é incompetente ou não dispõe de aparelhagem adequada para executar o seu trabalho. Qual é a verdadeira realidade da meteorologia nacional?"
TÚLLIO MARCO SOARES CARVALHO (Belo Horizonte, MG)

"Assino embaixo do artigo do geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos ("Tendências/Debates", 8/4). A tragédia ocorrida no Rio é inaceitável. É mais uma tragédia, e muitas mais manifestações nas páginas deste jornal. Algumas desastrosas, como a da maioria dos políticos -foram chuvas anormais, as pessoas moram em áreas de risco, precisamos de muito dinheiro para recuperar as áreas...
Mas "eles" -os escorregamentos e os políticos mal preparados ou mal-intencionados- não vão fazer a gente desistir. As técnicas para evitar esse tipo de tragédia são conhecidas e aplicadas em muitos municípios. As mortes podem ser evitadas."
JOSÉ LUÍS RIDENTE JÚNIOR, geólogo (São Paulo, SP)



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