São Paulo, domingo, 14 de junho de 2009

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Semana do Leitor

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Curar feridas
"Em sua coluna de 9/6 ("Auschwitz é bonito?", Ilustrada), João Pereira Coutinho aborda com propriedade a questão de se excluírem completamente juízos éticos das avaliações estéticas. Contudo, ao desqualificar os pedidos de desculpas que às vezes se fazem pelas ofensas que dada nação cometeu no passado, ignora a existência de apreciável quantidade de estudos que indicam que: 1) a sensação de humilhação, individual ou grupal, é a mais importante fonte de desejos de vingança; 2) pedidos de desculpas, não quaisquer, mas obedecendo a certas condições, podem ajudar a curar feridas não cicatrizadas, a resgatar o amor-próprio individual ou coletivo e a colaborar substancialmente para aplainar caminhos de aproximação."
ZENON LOTUFO JÚNIOR , doutor em ciências da religião e autor, com José Cássio Martins, do capítulo "Revenge and Religion" do livro "The Destructive Power of Religion" (São Paulo, SP)

Amazônia
"Internacionalização da Amazônia? Por que não? É evidente que a Amazônia caminha para a sua total destruição devido ao desinteresse e à incapacidade dos vários governos brasileiros de adotar medidas concretas contra a devastação.
Ainda hoje muito pouco se sabe sobre aquela região, e a maioria do povo brasileiro não tem nenhum benefício com ela.
Vantagens mesmo têm os latifundiários, o pessoal do agronegócio, os madeireiros, os garimpeiros e outros exploradores que atuam em proveito próprio. Por que não transferir esses 5 milhões de km 2 que constituem a Amazônia Legal para a administração direta da ONU?
Ela teria bem mais capacidade de defender militarmente a região e de promover o bem-estar social das populações nativas, além, naturalmente, de preservar o ambiente amazônico.
Dos 8,5 milhões de quilômetros quadrados que constituem o território brasileiro, ficariam com o Brasil "propriamente dito" cerca de 3,5 milhões, ou seja, uma área equivalente à atual União Europeia. Receberíamos da Amazônia a população não índia e poderíamos concentrar a atenção no desenvolvimento desta parte do Brasil onde reside a maioria dos seus quase 200 milhões de habitantes.
Não se trata de uma atitude antipatriótica. O Brasil daria ao mundo um importante e inédito exemplo de pacifismo, substituindo a tradicional rivalidade entre as nações pela preservação, em comum, do planeta."
RICARDO MARTINS SOARES (Curitiba, PR)

Ruas
"Em relação ao artigo de quarta-feira do jornalista Elio Gaspari ("Uma patrulha ideológico-rodoviária", Brasil), sobre a mudança dos nomes de ruas que homenageiam ditadores e pessoas que apoiaram a ditadura no Brasil, digo que nós, os protestantes, ficamos também constrangidos por termos que mencionar os nomes de ruas como Nossa Senhora de Copacabana, entre outras menos famosas."
SERGIO GOMES (Rio de Janeiro, RJ)

Associated Press
O Hindenburg passa pelo Empire State, em Nova York, em 1936

Um minuto
Uma das desgraças da civilização ocidental moderna é a velocidade. Não damos ouvidos aos conselhos confucianos quando da indagação: "De que adianta ganhar um minuto correndo se podemos perder a vida no risco de ganhar este minuto?". Os aviões serem o meio de transporte absoluto só porque levam pessoas do Rio a Paris em menos de dez horas é algo típico da nossa "neurose lúcida coletiva". As viagens em transatlânticos se extinguiram por serem muito demoradas. E então chegou-se ao avião supersônico comercial, cujo elevado consumo de combustível levou ao seu fim. Mesmo assim, os modernos aviões de passageiros voam a 900 km/h, com um grande consumo de querosene.
E o petróleo está com os dias contados. Cabe então perguntar: e o zepelim? O zepelim morreu em 1937, quando o Hindenburg se incendiou. Mas o fim do zepelim foi mais causado pela guerra do que por falta de segurança. O Graf Zeppelin fez 600 voos e cruzou o Atlântico 144 vezes entre 1931 e 1937. Levou 18 mil passageiros em 1.700 mil km voados. Com a tecnologia atual, e usando gás hélio, podem-se fabricar zepelins seguros para voar a mais de 100 km/h, com espaço e conforto. Uma viagem Rio-Paris teria três dias de tranquilidade, sem a demora dos navios e sem a pressa do avião a jato. Por que não reinventar o zepelim?"
ROLDÃO SIMAS FILHO (Brasília, DF)

Painel do Leitor
"Primeiro, expresso minha admiração pelo trabalho que o ombudsman realiza na Folha, por sua firmeza e equilíbrio.
Mas o motivo de meu contato é uma dúvida a respeito da seleção de cartas publicadas no "Painel do Leitor". Não questiono a equanimidade (ou não) das posições encampadas. O que me intriga é a qualidade da argumentação de certas mensagens - não o partido que tomam, mas o modo como o fazem e o que deixam implícito.
Refiro-me, pela data e assunto recentes, à carta da leitora Juliana Machado Ferreira (10/6). Publicá-la garante, com justeza, a posição dos contrários à greve na USP. Entretanto seu argumento é espantosamente baixo para receber destaque. Não é preciso ser muito arguto para verificar que a leitora equipara "alunos" a "bandidos" e faz generalizações grosseiras acerca da origem social dos alunos.
O critério para publicar um texto de leitor no jornal é simplesmente o partido que este toma, independentemente do procedimento usado ao fundamentá-lo? Essa fundamentação não seria básica para compor um painel de fato democrático das várias opiniões?"
MARIO TOMMASO (São Paulo, SP)

Desgraça nacional
"O deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, do Paraná, que virou notícia policial por dirigir bêbado, com a habilitação apreendida há mais de um ano, e provocar a morte de dois jovens, renunciou, ardilosamente, para evitar a cassação do seu mandato. Com isso, evitou tornar-se inelegível para as próximas eleições.
A imoral "saída estratégica" é procedimento comum a políticos que fazem o que não deveriam. Tornou-se a nefasta madrinha da impunidade. Já a utilizaram figuras da mais alta relevância na política nacional, como os senadores Antonio Carlos Magalhães e José Roberto Arruda, flagrados na fraude ao sistema de votos do Senado. Como renunciaram, o primeiro reelegeu-se senador; o segundo, deputado federal -e hoje é o governador do DF.
Muitos políticos que delinquiram política e até civilmente buscam na renúncia ao mandato o meio de evitar punições maiores e a temporária proscrição política -geralmente de oito anos. Uma exceção foi o ex-presidente Fernando Collor, que, mesmo renunciando, teve o processo de cassação levado até o final e ficou inelegível.
A impunidade que emporcalha a imagem da classe política brasileira transforma o político em sinônimo de ladrão e aproveitador. Para o bem nacional, isso tem de acabar. Todos, independentemente do cargo que exerçam ou de sua situação social ou econômica, têm de responder integralmente pelos atos que praticam.
A renúncia do agora ex-deputado paranaense não deve servir para livrá-lo do crime que acabou cometendo. Da mesma forma como jamais poderiam ficar livres de punição outros ex-parlamentares, ministros e altos funcionários que, pegos com a mão na massa, renunciaram ou foram demitidos de suas posições.
A impunidade é a grande desgraça nacional."
DIRCEU CARDOSO GONÇALVES , tenente da PM, dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo (São Paulo, SP)

 

"Em breve aparecerá na lista de compras dos senadores o famoso óleo de peroba como loção de barba. Esses senhores possuem uma cara de pau impressionante.
Tenham vergonha na cara e nos respeitem mais e melhor, senhores senadores."
ARNALDO VIEIRA DA SILVA (Aracaju, SE)


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