|
Índice
Semana do Leitor
leitor@uol.com.br
Curar feridas
"Em sua coluna de 9/6
("Auschwitz é bonito?", Ilustrada), João Pereira Coutinho
aborda com propriedade a
questão de se excluírem completamente juízos éticos das
avaliações estéticas. Contudo,
ao desqualificar os pedidos de
desculpas que às vezes se fazem
pelas ofensas que dada nação
cometeu no passado, ignora a
existência de apreciável quantidade de estudos que indicam
que: 1) a sensação de humilhação, individual ou grupal, é a
mais importante fonte de desejos de vingança; 2) pedidos de
desculpas, não quaisquer, mas
obedecendo a certas condições,
podem ajudar a curar feridas
não cicatrizadas, a resgatar o
amor-próprio individual ou coletivo e a colaborar substancialmente para aplainar caminhos
de aproximação."
ZENON LOTUFO JÚNIOR , doutor em ciências
da religião e autor, com José Cássio Martins, do capítulo "Revenge and Religion"
do livro "The Destructive Power of Religion" (São Paulo, SP)
Amazônia
"Internacionalização da
Amazônia? Por que não? É evidente que a Amazônia caminha
para a sua total destruição devido ao desinteresse e à incapacidade dos vários governos brasileiros de adotar medidas concretas contra a devastação.
Ainda hoje muito pouco se
sabe sobre aquela região, e a
maioria do povo brasileiro não
tem nenhum benefício com ela.
Vantagens mesmo têm os latifundiários, o pessoal do agronegócio, os madeireiros, os garimpeiros e outros exploradores que atuam em proveito próprio. Por que não transferir esses 5 milhões de km 2 que constituem a Amazônia Legal para a
administração direta da ONU?
Ela teria bem mais capacidade
de defender militarmente a região e de promover o bem-estar
social das populações nativas,
além, naturalmente, de preservar o ambiente amazônico.
Dos 8,5 milhões de quilômetros quadrados que constituem
o território brasileiro, ficariam
com o Brasil "propriamente dito" cerca de 3,5 milhões, ou seja, uma área equivalente à atual
União Europeia. Receberíamos
da Amazônia a população não
índia e poderíamos concentrar
a atenção no desenvolvimento
desta parte do Brasil onde reside a maioria dos seus quase
200 milhões de habitantes.
Não se trata de uma atitude
antipatriótica. O Brasil daria ao
mundo um importante e inédito exemplo de pacifismo, substituindo a tradicional rivalidade entre as nações pela preservação, em comum, do planeta."
RICARDO MARTINS SOARES (Curitiba, PR)
Ruas
"Em relação ao artigo de
quarta-feira do jornalista Elio
Gaspari ("Uma patrulha ideológico-rodoviária", Brasil), sobre
a mudança dos nomes de ruas
que homenageiam ditadores e
pessoas que apoiaram a ditadura no Brasil, digo que nós, os
protestantes, ficamos também
constrangidos por termos que
mencionar os nomes de ruas
como Nossa Senhora de Copacabana, entre outras menos
famosas."
SERGIO GOMES (Rio de Janeiro, RJ)
Associated Press
![](../images/sl1406200902.jpg) |
|
O Hindenburg passa pelo Empire State, em Nova York, em 1936
Um minuto
Uma das desgraças da civilização ocidental moderna é a
velocidade. Não damos ouvidos aos conselhos confucianos
quando da indagação: "De que adianta ganhar um minuto
correndo se podemos perder a vida no risco de ganhar este
minuto?". Os aviões serem o meio de transporte absoluto
só porque levam pessoas do Rio a Paris em menos de dez
horas é algo típico da nossa "neurose lúcida coletiva". As
viagens em transatlânticos se extinguiram por serem muito demoradas. E então chegou-se ao avião supersônico comercial, cujo elevado consumo de combustível levou ao
seu fim. Mesmo assim, os modernos aviões de passageiros
voam a 900 km/h, com um grande consumo de querosene.
E o petróleo está com os dias contados. Cabe então perguntar: e o zepelim? O zepelim morreu em 1937, quando o Hindenburg se incendiou. Mas o fim do zepelim foi mais
causado pela guerra do que por falta de segurança. O Graf
Zeppelin fez 600 voos e cruzou o Atlântico 144 vezes entre
1931 e 1937. Levou 18 mil passageiros em 1.700 mil km voados. Com a tecnologia atual, e usando gás hélio, podem-se
fabricar zepelins seguros para voar a mais de 100 km/h,
com espaço e conforto. Uma viagem Rio-Paris teria três
dias de tranquilidade, sem a demora dos navios e sem a
pressa do avião a jato. Por que não reinventar o zepelim?"
ROLDÃO SIMAS FILHO (Brasília, DF)
Painel do Leitor
"Primeiro, expresso minha
admiração pelo trabalho que o
ombudsman realiza na Folha,
por sua firmeza e equilíbrio.
Mas o motivo de meu contato é uma dúvida a respeito da
seleção de cartas publicadas no
"Painel do Leitor". Não questiono a equanimidade (ou não)
das posições encampadas. O
que me intriga é a qualidade da
argumentação de certas mensagens - não o partido que tomam, mas o modo como o fazem e o que deixam implícito.
Refiro-me, pela data e assunto recentes, à carta da leitora
Juliana Machado Ferreira
(10/6). Publicá-la garante, com
justeza, a posição dos contrários à greve na USP. Entretanto
seu argumento é espantosamente baixo para receber destaque. Não é preciso ser muito
arguto para verificar que a leitora equipara "alunos" a "bandidos" e faz generalizações grosseiras acerca da origem social
dos alunos.
O critério para publicar um
texto de leitor no jornal é simplesmente o partido que este
toma, independentemente do
procedimento usado ao fundamentá-lo? Essa fundamentação não seria básica para compor um painel de fato democrático das várias opiniões?"
MARIO TOMMASO (São Paulo, SP)
Desgraça nacional
"O deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, do Paraná, que virou notícia policial
por dirigir bêbado, com a habilitação apreendida há mais de
um ano, e provocar a morte de
dois jovens, renunciou, ardilosamente, para evitar a cassação
do seu mandato. Com isso, evitou tornar-se inelegível para as
próximas eleições.
A imoral "saída estratégica" é
procedimento comum a políticos que fazem o que não deveriam. Tornou-se a nefasta madrinha da impunidade. Já a utilizaram figuras da mais alta relevância na política nacional,
como os senadores Antonio
Carlos Magalhães e José Roberto Arruda, flagrados na
fraude ao sistema de votos do
Senado. Como renunciaram, o
primeiro reelegeu-se senador;
o segundo, deputado federal -e
hoje é o governador do DF.
Muitos políticos que delinquiram política e até civilmente buscam na renúncia ao mandato o meio de evitar punições
maiores e a temporária proscrição política -geralmente de oito anos. Uma exceção foi o ex-presidente Fernando Collor,
que, mesmo renunciando, teve
o processo de cassação levado
até o final e ficou inelegível.
A impunidade que emporcalha a imagem da classe política
brasileira transforma o político
em sinônimo de ladrão e aproveitador. Para o bem nacional,
isso tem de acabar. Todos, independentemente do cargo
que exerçam ou de sua situação
social ou econômica, têm de
responder integralmente pelos
atos que praticam.
A renúncia do agora ex-deputado paranaense não deve servir para livrá-lo do crime que
acabou cometendo. Da mesma
forma como jamais poderiam
ficar livres de punição outros
ex-parlamentares, ministros e
altos funcionários que, pegos
com a mão na massa, renunciaram ou foram demitidos de
suas posições.
A impunidade é a grande desgraça nacional."
DIRCEU CARDOSO GONÇALVES , tenente da
PM, dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São
Paulo (São Paulo, SP)
![](http://www1.folha.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
"Em breve aparecerá na lista
de compras dos senadores o famoso óleo de peroba como loção de barba. Esses senhores
possuem uma cara de pau impressionante.
Tenham vergonha na cara e
nos respeitem mais e melhor,
senhores senadores."
ARNALDO VIEIRA DA SILVA (Aracaju, SE)
Índice
|