São Paulo, domingo, 20 de setembro de 2009

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Semana do Leitor

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André Vicente - 16.set.2009/Folha Imagem
Barraca de banana em feira no bairro de Vila Paraíso, em SP

Bananas
"Um deputado qualquer propôs e o governador sancionou a lei que obriga os feirantes a vender bananas a quilo. A quilo é uma estupidez, bananas são vendidas às dúzias há dúzias de anos. Num supermercado, a gente compra bananas, ovos,creme dental, sabão em pó, leite e no final, paga com cartão ou cheque, tudo de uma vez. Tanto importa se as bananas foram por quilo. Numa feira, cada compra é paga a dinheiro em cada barraca. Agora os infelizes feirantes terão de investir em balanças e juntar bilhões de moedas de troco. E os fiscais,que poderiam fiscalizar a imundície de certos supermercados da área nobre da cidade, vão fiscalizar bananas. Banana para esses governantes!"
ALVARO TADEU SILVA (São Paulo, SP)

 

"Um deputado faz um projeto de lei, os demais aprovam, o governador sanciona. Simples assim. E, com isso, podemos afirmar que o Brasil vive uma ditadura. Nada menos que isso! Pare na rua, pergunte a dez, a cem, a mil transeuntes, se, ao menos nas feiras, preferem eles comprar banana por quilo ou por dúzia. Com isso você constatará a vontade popular. Se um deputado, que se diz representante do povo, deixa de representar a vontade desse povo e passa a fazer leis que atendem apenas a seus interesses particulares, não representa mais seus eleitores. E se ainda detém poder para fazer leis contrárias à vontade daqueles a quem diz representar, vivemos uma ditadura camuflada com o nome de democracia.
É absurdo, indignante, revoltante. Fui à feira, comprei bananas e ainda pude comprar por dúzia. E vi compradores desistirem da compra depois de já terem escolhido as bananas, quando as viram colocadas na balança, porque sabiam que com isso pagariam mais caro. O pobre feirante perdeu a venda. O político que fez a lei não perdeu dinheiro. Perdeu a vergonha, que talvez nunca tenha tido. E os brasileiros também vêm perdendo a vergonha, na medida em que aceitam pacífica, tácita e covardemente que os políticos por eles eleitos imponham-lhes, ditatorialmente, leis que lhes contrariam a vontade e lhes trazem prejuízos."
REINALDO FERREIRA MOTA JR. (Praia Grande,SP)

Livros
"Em relação ao artigo ‘Bonito, gostoso e prático’ de Ruy Castro (16/9), no qual diz que ‘o livro só precisa de nós para não desaparecer’,digo que nós é que precisamos do livro, pois embora um evento como a Bienal do Livro seja um sucesso, ainda há uma quantidade lamentável de jovens nas periferias que não têm acesso aos livros, impressos ou eletrônicos. Nas escolas,um dos maiores desafios é o de incentivar o gosto pela leitura e mostrar o quanto ela pode transformar a vida dessas pessoas, que passam por diversas restrições."
ALDINESA DOS SANTOS HERREIRA (Barueri,SP)

 

"Ruy Castro resgata em sua coluna de 16/9 a emoção e o prazer da singela leitura de um livro. Parece que as juvenis odes ao livro se transformaram em ódio ao livro. O futuro ao acaso pertence, mas também não visualizo a substituição de um instrumento de prazer tão funcional por outros mais modernos. É de se postular se o livro eletrônico tem feito aumentar a leitura entre jovens, ou se apenas é mais um brinquedinho no mercado. O livro agrega ainda seu charme e muitas vezes seu temperamento."
ADILSON ROBERTO GONÇALVES (Lorena, SP)






Helipontos
"Brilhante a reportagem ‘Vila Olímpia tem mais helipontos que pontos de ônibus’ (13/9). É o perfeito retrato do Brasil provinciano, deslumbrado, socialmente atrasado, pouco democrático, sem visão de cidadania.
É ali que brincamos de Primeiro Mundo, com as melhores lojas, os melhores carros,os maiores representantes do ultrapassado capitalismo anglosaxão pelo qual os ultrapassados brasileiros ainda babam.
São Paulo tem mais helipontos que Tóquio, Los Angeles, Nova Iorque, Londres, Paris e Frankfurt somados. Nestas cidades,que realmente são de Primeiro Mundo,helicóptero desce prioritariamente em aeroporto, salvo algum uso pela polícia ou para algum resgate de emergência. Sobre Londres até a polícia não tem carta branca para voar impune sobre qualquer local. Em todas as cidades as severas restrições existem pelo mesmo motivo: ruído. Lá a saúde e bem estar da população em geral voa acima do conforto e da conveniência de poucos. Não é à toa que são cidades de Primeiro Mundo."
ANTONIO CAMARGO (São Paulo, SP)

 

Arte e política

"O chinês Ai Weiwei ajudou a conceber o Ninho do Pássaro e depois usou tijolos de casas do século 14 derrubadas em Pequim no ano passado para a cidade abrigar a Olimpíada de 2008. Ele contesta a censura chinesa por só permitir obras artísticas de ‘propaganda ou inofensivas’, mas o estádio olímpico foi, ao lado do Cubo d’Água, uma das vedetes dos Jogos e, consequentemente, converteu-se em propaganda do atual governo chinês. O ativismo de Ai Weiwei é incontestável. Porém, sua participação na concepção do Ninho do Pássaro é uma demonstração de que nenhuma pessoa, por mais sinceros que sejam seus ideais, está livre da incoerência."
PEDRO VALADARES (Brasília, DF)

 

"Sem entrar no mérito artístico do companheiro Angeli, mas este jamais retrata mulheres na política! Dá a entender que Angeli acha que as mulheres da política são todas impolutas! Porque a parcialidade? Considero um erro o fato de Angeli poupar as mulheres da política em suas charges, principalmente quando evoca o Congresso Nacional ou mesmo a simples corrupção. É necessário colocar as mulheres da política nas charges angelianas. Afinal, as mulheres da política não são nada angelicais!"
NEY JOSÉ PEREIRA (São Paulo,SP)

 

Saúde
"É de rara felicidade o editorial ‘Saúde duvidosa’ (15/9). O Brasil precisa da imediata regulamentação da Emenda 29 para aumentar o financiamento do setor e qualificar a assistência ao cidadão. Assim também evitaremos que lacunas legais possibilitem o desvio de recursos da saúde ou o não cumprimento dos patamares mínimos de investimento. O financiamento adequado, porém, deve vir desvinculado da criação de tributos. Já somos recordistas mundiais em impostos. Dinheiro existe, só é necessária competência ao gerir a máquina governamental, além de mais transparência e honestidade."
JORGE CARLOS MACHADO CURI, presidente da Associação Paulista de Medicina (São Paulo,SP)



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