São Paulo, domingo, 22 de novembro de 2009 |
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Corrupção e democracia "Há cerca de cinco meses, Ian Clement era considerado um dos políticos mais influentes de Londres, tendo inclusive viajado a vários países com a missão de representar a cidade que foi escolhida como sede da Olimpíada de 2012. É por isso que sua foto estampada num tabloide, em que aparece usando colete de trabalho comunitário e com pincel na mão, cumprindo pena, causa tanta estranheza àqueles que, como eu, estão acostumados à impunidade em seu país de origem. Principalmente quando se trata de figura política tão influente. Após envolver-se em escândalo ao usar cartão do governo para pagar contas particulares -semelhante ao caso dos cartões corporativos no Brasil-, ele foi condenado a 12 semanas de reclusão, que foram trocadas por cem horas de trabalho comunitário não remunerado e toque de recolher às 21 horas. Agora, usa uma tornozeleira com sensor, igual a qualquer criminoso no país. Dessa forma, sua carreira política sofreu grave abalo, possivelmente irreversível. Aí reside a grande diferença com o Brasil. Suspeito de ter se enganado no pagamento de suas contas, Clement fora advertido do "erro", mas, ao manter sua atitude, foi processado, julgado e condenado, considerando sua "arrogância com o dinheiro público", segundo o juiz. Esse é o procedimento num país com longa tradição democrática, intolerante à corrupção e à desonestidade e que preza a integridade da classe governante. Posição extremamente importante para a manutenção da democracia. Na edição do dia 13 do jornal "London Evening Standard" (www.standard.co.uk), se veem as fotos do ex-braço direito do prefeito de Londres pintando banheiros públicos. São cenas completamente impensáveis no contexto brasileiro, onde casos de escândalos e de corrupção são tolerados pela população e, muitas vezes, servem de trampolim eleitoral para os políticos." AMÉRICO NETO , mestre em ciências sociais pela Unesp (Londres, Inglaterra)
Poderes
Battisti
"Após intensos "debates", o STF decide que o presidente vai decidir. Então para que tanto blablablá se eles afinal decidem não decidir? É uma palhaçada. Temos um rei e não sabíamos. Lula faz o que quer. Até o "supremo" já pode ser escrito com letra minúscula." PEROLA SOARES ZAMBRANA (São Paulo, SP)
"É possível um homem ser mais supremo do que uma reunião de juízes togados e credenciados para assumir julgamentos e punições também supremas em nome da mais do que suprema Justiça? A ditadura está escondida sob as togas dos juízes, como disse Philip Roth: "A tirania é uma forma de governo em que tudo é levado em conta, mas nada vale". Nem a suprema opinião justiceira do STF, pois, no fim, valerá a opinião de Lula, o "ditador democrático'!" SAGRADO DAVID (Juiz de Fora, MG)
"O caso Battisti poderia ser resolvido por Lula de modo satisfatório. É só mandá-lo embora, mas pedindo ao governo italiano que o trate com justiça e consideração, permitindo inclusive esse acompanhamento pelos brasileiros. A Itália é um país de Primeiro Mundo, e sua postura é democrática. Não seria como o caso dos lutadores cubanos, enxotados sem o menor direito de ajuda." GERALDO DE PAULA E SILVA (Rio de Janeiro, RJ)
"Battisti, terrorista ou não, já pagou todos os seus pecados. Ao sair do convívio social e familiar como um degredado, passou sua existência como se uma pena já tivesse cumprido. Isso sem falarmos da prescrição do crime e da extinção de punibilidade. Lula, por tais razões, deverá manter decisão do ministro da Justiça, fundamentada na Carta Magna." LUIZ APARECIDO COSTA (São Paulo, SP)
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