São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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MODA

Glamour sem manual

por ALCINO LEITE NETO

A grife Issa, da brasileira Daniela Helayel, conquista a nata das "it girls" britânicas

Um desfile na semana de moda de Londres. Na platéia, as jovens princesas Beatrice de York e Eugenie de York, filhas do príncipe Andrew. Não muito longe delas, Charlotte Casiraghi, filha da princesa Caroline de Mônaco. Na mesma fila, as atrizes Emilia Fox, Tamsin Egerton e Rosamunde Pike. Na passarela, Naomi Campbell, numa rara aparição como modelo. E, nos bastidores, a responsável por conseguir juntar todas estas celebridades: a estilista brasileira Daniela Helayel.

Nascida em Niterói (RJ), neta de libaneses e ítalo-franceses, há 17 anos fora do Brasil e há oito em Londres, Daniela é dona e estilista da Issa, criada em 2001 e hoje uma das grifes mais desejadas pela nata das "it girls" britânicas e européias.

Qual é o segredo desse sucesso, obtido em tão pouco tempo? "Não faço roupas que precisam de manual de instrução", afirma a estilista. "As mulheres querem principalmente que a roupa seja versátil, fácil de usar e muito glamourosa", arremata, em seu ateliê no Chelsea, o mesmo bairro onde vive com seus dois cãezinhos, Snowball e Monster.

Relações públicas também ajudam, conta Daniela. Para Madonna, por exemplo, foram enviados dois vestidos, acompanhados de uma carta. Um dia, a cantora apareceu vestindo Issa. Com a atriz Scarlett Johansson aconteceu algo parecido. "Sempre fui sortuda, mas também trabalho bastante", diz.

Foi por isso que ela se mudou do Rio para Nova York, trocando a faculdade de direito por um curso no FIT, voltado para negócios de moda. "Eu queria fazer algo maior, mas no Rio tinha a impressão de que ninguém gostava de trabalhar." Viveu oito anos nos EUA e, só após mudar-se para Londres, começou a criar roupas.

Em 2001, fez a primeira coleção, mas conseguiu vender apenas para um único cliente, a Daslu. Em 2002, jogou toda a sua terceira coleção no lixo. "Estava tudo errado, não gostei." As encomendas de 34 compradores da quarta coleção nunca foram entregues, porque a produção no Brasil se atrasou.

"Até 2004, eu só tinha 16 clientes", lembra Daniela. Entre 2005 e 2006, quando passou a desfilar na London Fashion Week, a grife deslanchou. "Crescemos 1.000%", calcula. As celebridades ajudaram, mas ela também começou a amadurecer o seu design, como prova a última coleção.

Hoje, cerca de 30 pessoas trabalham para a Issa em Londres -entre elas, cinco brasileiras. A marca tem 400 pontos-de-venda no mundo, mas nenhuma loja própria. Por isso, o principal plano de Daniela é inaugurar sua flagship em Londres até o início de 2009, de preferência na Mount Street, onde Balenciaga e Marc Jacobs instalaram filiais.

Ao Brasil, ela vem duas ou três vezes por ano. "Sinto saudades do sol, da praia..." Em Niterói, atuam duas pessoas importantes para a grife: o designer gráfico Guido Fortes e a designer de acessórios Maria Cristina Barreto, amigos de infância da estilista. E não pense que ela vem buscar inspiração nas ruas do país. "Não gosto de como as brasileiras se vestem, a vulgaridade me irrita." (COM CAMILA YAHN)

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