São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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FINA

Boneca de luxo

por ADRIANA MAXIMILIANO, de WASHINGTON

Herdeira multimilionária, rainha de rodeio, chefe de torcida, piloto de avião: a mulher de John McCain é várias

Cindy Hensley McCain pisou em Washington pela primeira vez há 25 anos. Ela trazia na bagagem tailleurs cor-de-rosa e uma história de vida que incluía os títulos de rainha de rodeio, animadora de torcida e única herdeira de um império multimilionário de cerveja. Ao seu lado, estava sua mais nova aquisição, John McCain, um ex-oficial da Marinha americana, 18 anos mais velho, três filhos do primeiro casamento e recém-eleito deputado pelo Arizona, graças à ajuda do pai de Cindy.

Única filha do segundo casamento de James Hensley e Marguerite Smith, que tiveram filhas em uniões anteriores, Cindy ignora completamente as meio-irmãs e diz que é filha única. Foi criada como tal e herdou sozinha a empresa do pai, um militar que lutou na Segunda Guerra e, em 1955, abriu uma pequena fábrica de licor, a Hensley & Co, hoje a terceira maior distribuidora da cerveja Anheuser-Busch nos EUA.

Com essas credenciais, não restou nada à moça a não ser comer o pão que Nancy Reagan amassou. A então primeira-dama dos Estados Unidos conhecia a ex-mulher de McCain, Carol Shepp, que, após esperar cinco anos pela saída do marido de uma prisão no Vietnã, foi trocada pela outra. Excluída das rodas sociais, Cindy preferiu voltar para a cidade natal no Arizona e esperar pelas visitas do marido nos fins de semana. Comprou um rancho em frente à casa dos pais e lá criou os três filhos que teve com McCain.

Agora, aos 54 anos, Cindy McCain conta os dias na expectativa de uma volta por cima: na próxima semana, o povo americano vai escolher o republicano John McCain ou o democrata Barack Obama. "Numa cidade em que tantas pessoas julgam sua própria importância pela distância a que estão do presidente, não acredito que ninguém vá esnobar Cindy dessa vez, caso ela se torne a primeira-dama", aposta a editora de moda do jornal ?"Washington Post", Robin Givhan. "Tanto Cindy quanto Michele Obama gostam de moda. Será uma ótima mudança depois de oito anos de Laura Bush, que sempre deixou claro seu desinteresse pelo tema", diz ela à Serafina.

No mês passado, a revista "Vanity Fair" avaliou a disposição de Laura Bush e Cindy McCain para gastar com roupas e afins. Lado a lado na abertura da convenção Republicana, Cindy e Laura exibiam, entre vestidos, sapatos e jóias, "looks" de US$ 300 mil e US$ 4.000, respectivamente. No ano passado, já havia sido revelado que a mulher de McCain chega a torrar US$ 500 mil num único mês com seu cartão de crédito. Dona de uma fortuna avaliada em US$ 100 milhões, Cindy definitivamente não é o tipo de mulher com quem você vai cruzar numa liquidação.

AMOR NO HAVAÍ
Comparada à boneca Barbie 24 horas por dia, sete dias por semana, tanto pelos críticos quanto pelos aliados, ela é dois palmos mais alta, um tom mais loura e pelo menos 20 quilos mais magra do que a filha de 23 anos, Meghan. Sua jornada rumo à Casa Branca começou em 1979, numa viagem para o Havaí. Ela e McCain se cruzaram num coquetel e, garantem, foi amor à primeira vista. "Eu disse que tinha quatro anos a mais e ele disse que tinha quatro a menos. Só descobrimos as mentiras quando fomos assinar a licença de casamento", contou Cindy para o apresentador do ?"Tonight Show", Jay Leno.

McCain também não contou que ainda era casado. O divórcio da primeira e o casamento com a segunda aconteceram em um período de um ano. Em 1984, Cindy engravidou e decidiu levar as ordens médicas de repouso ao pé da letra -ela já tinha sofrido três abortos espontâneos. Foi quando trocou Washington pelo colo da mãe no Arizona. Teve Meghan, que trabalha na campanha do pai, o oficial da marinha Jack, 21, e o fuzileiro naval Jimmy, 19, que serviu no Iraque.

Numa viagem para Bangladesh, em 1991, Cindy adotou uma criança recém-nascida, Bridget. O que deveria ser visto como um ato humanitário custou a candidatura de McCain nas primárias do Partido Republicano em 2000. A equipe de George W. Bush espalhou o boato de que Bridget era fruto de uma relação extraconjugal de McCain com uma negra.

Mas o que uma "shopaholic" teria ido fazer em Bangladesh? Cindy tem um lado filantrópico que vale ser destacado, mesmo que seja para contar que ela andou por campos minados em Kosovo com uma bolsa Prada a tiracolo. Segundo a campanha de McCain, ela viaja para o exterior duas semanas por ano, trabalhando para as ONGs Halo Trust, que desativa minas terrestres, e Operação Sorriso, que ajuda crianças com lábio leporino e fenda palatina (abertura no céu da boca).

No fim dos anos 1980, Cindy fundou sua própria ONG para ajudar hospitais do Terceiro Mundo, a American Voluntary Medical Team (AMVT). Mas foi obrigada a fechá-la seis anos depois, acusada de furtar analgésicos de tarja preta para consumo próprio.

Os quilos perdidos durante o episódio jamais foram recuperados. Cindy veste jeans número 0 (objeto de desejo entre mulheres que perseguem a forma física de um cabo de vassoura), o que significa que tem menos de 58 cm de cintura e 80 cm de quadril. De tão frágil, parece que vai quebrar. E foi o que aconteceu duas vezes durante esta campanha: um eleitor torceu seu pulso num aperto de mão e ela mesma rompeu os ligamentos de um joelho ao empurrar um carrinho de compras no supermercado. Nem mesmo as muletas e uma tipóia -rosa-choque- comprometeram o visual.

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