São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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SÉRGIO DÁVILA

kiss, kiss, bangue, bangue

Filmes de assalto, praticamente um gênero particular do cinema, resgatam a figura dos ladrões de banco na nova safra de hollywood

1_O Fato
Se nos romances policiais antigos o culpado era sempre o mordomo, nas crises econômicas mundiais o culpado é invariavelmente o banqueiro. Sempre que o mundo entra em recessão, os comandantes da indústria financeira são vilificados, quer tenham culpa (como agora), quer não. As primeiras expressões dessa vilificação são reações populares, como as que aconteceram durante a reunião mais recente do FMI (Fundo Monetário Internacional), em Washington, em abril, quando foram queimados vários “judas” de Wall Street. O mais popular deles era o boneco do ex-banqueiro Bernie Madoff, de Nova York, aquele que deu um tombo em suas vítimas de US$ 65 bilhões –ou metade do faturamento da Petrobras em 2008.

2_A Arte
A segunda fase da vilificação é seu reflexo no mundo cultural. Agora são os ladrões de banco mais carismáticos dos anos seguintes ao crash de 1929 que voltam a ser lembrados por Hollywood. John Dillinger, o mais conhecido, é o personagem principal de “Inimigos Públicos”, novo longa-metragem de Michael Mann, que estreia no Brasil em 3 de julho. Nele,?Johnny Depp interpreta o assaltante que recebeu o apelido de “lebre” porque gostava de saltar sobre o balcão das agências durante os roubos, um movimento que ele teria aprendido vendo filmes sobre assaltantes de bancos.

3_A Vida
Na vida real, Dillinger (1903-1934) era o ídolo da dupla Bonnie & Clyde, o casal de assaltantes de bancos Bonnie Parker (1910-1934) e Clyde Barrow (1909-1934), que chegou ao cinema em 1967 com Faye Dunaway e Warren Beatty nos papéis principais. O longa de Arthur Penn contemplava apenas os últimos anos da dupla de ladrões-assassinos. No ano que vem, o resto da história aparecerá em “The Story of Bonnie and Clyde”, que começa a ser rodado em julho e terá os atores Kevin Zegers e Hillary Duff.

4_A Vida imitando a Arte
Em 2008, o número de assaltos a bancos em Nova York aumentou 54%, segundo a revista “New York”. Nove em cada dez aconteceram sem que o assaltante levasse consigo nenhuma arma de fogo –o método preferido pela maioria foi entregar um bilhete ao caixa com variações da frase “Isso é um assalto”. Oito em cada dez foram bem-sucedidos –quer dizer, conseguiram sair do banco com dinheiro. Seis em cada dez foram capturados depois pela polícia. Nenhum deles era Bernie Madoff, que nunca pegou em armas e acabou no xilindró depois de ser denunciado pela própria família.

5_A Farsa
Um dos capturados foi pego porque escreveu o bilhete ameaçador na capa de uma revista que trazia a etiqueta com o nome da titular da assinatura –da qual ele era inquilino. Outro desenhou um revólver na nota que passou ao caixa, e foi preso porque na fuga deixou cair uma jaqueta com seu holerite no bolso. Um terceiro era sósia do radialista Howard Stern, o que facilitou o trabalho da polícia. Outro ainda teve o carro reconhecido por uma testemunha pelo adesivo que trazia: “Obama 2008”.



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