São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 2005

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Capacidade e bons contatos

Nunca passou pela cabeça de Adriana Natalício Capella, 33, ser professora. Quando prestou vestibular para biologia na USP, aos 17 anos, ela estava bem certa do seu futuro: "Eu via na TV aquelas pessoas trabalhando com engenharia genética. Queria fazer a mesma coisa que elas. Porém, eu tinha certeza de que, para atingir esse objetivo, a solução era a iniciativa privada", afirma.
Adriana sabia que o caminho era árduo. Por isso, focou sua carreira em pesquisa genética. Com o tempo, descobriu a vontade de trabalhar com plantas. Viveu com apoio da família e de bolsas de pesquisa até os 29 anos. Fez mestrado em bioquímica na USP e doutorado em biologia molecular pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Tão logo terminou o doutorado, já começou a procurar emprego. Na primeira tentativa, na Copersucar, foi reprovada -tal qual a bióloga Ana Paula Costa. Foi então que a sorte bateu à sua porta. Seu orientador no doutorado, Paulo Arruda, tinha acabado de ajudar a fundar uma empresa de pesquisa em biologia, a Alellyx, do grupo Votorantim. Egresso do Projeto Genoma, Arruda precisava de gente competente e disposta a trabalhar muito. Chamou Adriana. "No mercado, você tem o currículo de várias pessoas muito competentes. Por isso, ter bons contatos e mostrar sua capacidade faz a diferença na hora de arrumar um emprego", diz Adriana. Ela foi a segunda bióloga contratada pela empresa e hoje, três anos depois, virou diretora de pesquisa de vegetais da companhia. Segundo ela, não sente falta da universidade.
"O problema da universidade pública é que a máquina é muito emperrada." No começo, porém, ela precisou aprender a perder autonomia. "Na universidade, você controla todas as etapas do seu trabalho", afirma. "Na empresa, você depende do relacionamento com outras pessoas, depende de outros departamentos, precisa que todos funcionem em harmonia", completa Adriana.
Os primeiros resultados de seu trabalho na Alellyx, porém, vão demorar a aparecer. Sua cana-de-açúcar beneficiada só ficará pronta, provavelmente, em 2010. (LB)


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