São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 2005

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Ele quase não chega lá

Ele fez doutorado na Bélgica e hoje é cientista na iniciativa privada. Empresa européia? Não, brasileira mesmo. O químico José Renato Cagnon, 39, chegou ao lugar aonde poucos doutores estiveram: a área de pesquisa e desenvolvimento. Antes de chegar lá, Cagnon fez dois anos de pós-doutorado na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e outros dois como Jovem Pesquisador na Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho). Em 2000, com 34 anos, trabalhava pela primeira vez na iniciativa privada, como gerente de tecnologia química de uma empresa do Rio de Janeiro. Mas foi apenas no fim de 2001, após três meses de avaliação pela Natura, que ele virou cientista. De carteira assinada. O "choque clássico", em suas palavras, foi a pressão por resultados exercida pela empresa, bem maior que a pressão acadêmica. Para Cagnon, contudo, não é apenas o recém-contratado que deve aprender a lidar com o problema. "A empresa também pode fazer sua parte: enxergar que a falta de compreensão do doutor sobre o marketing de produtos é natural, devido à falta de experiência na iniciativa privada." O programa Jovem Pesquisador também o ajudou a absorver o choque. Por meio dele, a Fapesp concede uma verba para tirar as idéias do papel. E o pesquisador não trabalha sozinho, possui uma equipe. "Aprendi a administrar orçamento e a formar alianças profissionais. Isso não faz parte do universo comum da academia: no mestrado e no doutorado, as pessoas são "treinadas" para permanecer na universidade", diz Cagnon. Em sua opinião, a iniciação científica, que pode ser feita durante a graduação, se assemelha a esse programa. "Quem não faz iniciação científica sai muito pobre da graduação e depois tenta minimizar a deficiência fazendo uma pós. A pós demora tempo demais." (LF)

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