São Paulo, terça-feira, 29 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

1 - No Brasil, não existe faculdade de arqueologia. Para se tornar arqueólogo é preciso concluir o ensino superior -ciências sociais, história, geografia, geologia, biologia, arquitetura, entre outros cursos- e depois partir para a pós-graduação. Em São Paulo, uma das possibilidades é fazer uma pós-graduação no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (www.mae.usp.br).

2 - Para quem quer conhecer mais sobre o assunto sem sair de casa, um dos melhores sites sobre a arqueologia brasileira é o do Itaú Cultural (www.itaucutural.org.br/arqueologia), onde há uma série de informações, imagens de pesquisas de campo e resultados das pesquisas arqueológicas, em suas diversas linhas de atuação (histórica, pré-colonial, subaquática, etnoarqueológica etc.).

3 - Outros sites são o do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro, www.iphan.gov.br), órgão governamental responsável pelo patrimônio arqueológico nacional, que mantém uma lista dos sítios arqueológicos cadastrados e apresenta a legislação da área; e o da Sociedade de Arqueologia Brasileira (www.arqueologia.arq.br/sab/sab.htm), que apresenta o código de ética da profissão, vários artigos e outras informações relevantes.

4 - Boas opções de turismo arqueológico estão na região de Xingó (SE) e em São Miguel (RS). Xingó, no baixo rio São Francisco, abriga um belíssimo cânion que foi alagado pela construção de uma hidrelétrica, onde foram encontradas dezenas de sítios arqueológicos pré-coloniais e inúmeros sepultamentos. Boa parte do que foi recolhido naquela região pode ser visto no Museu de Arqueologia de Xingó (www.museuxingo.com.br). Já São Miguel é um sítio histórico, local de uma antiga redução jesuítica dos guaranis, que teve sua igreja tombada pela Unesco como patrimônio da humanidade. As ruínas dessa missão são, hoje, um pequeno exemplo do que foram essas reduções que se instalaram em terras do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai nos séculos 17 e 18 -verdadeiras cidades erguidas em meio à mata (www.riogrande.com.br/historia/missoes.htm).

5 - Em São Paulo, as melhores exposições estão no MAE-USP, que mostra um bom panorama sobre a arqueologia brasileira, os modos de vida das populações indígenas do presente e também das civilizações grega, egípcia, romana e mesopotâmica. O museu é aberto aos visitantes de terça-feira a sexta-feira, das 8h30 às 17h, aos sábados, domingos e feriados das 10h às 16h, com entrada gratuita. Pode-se ainda agendar visitas monitoradas para grupos de escolares. A entidade oferece também cursos de extensão aos interessados em arqueologia, restauro, museologia e áreas correlatas.

6 - Em setembro deste ano, será realizado em Campo Grande (MS) o 13º Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira (www.sabnet.com.br), evento bienal que reúne arqueólogos do Brasil e do exterior para apresentar e discutir pesquisas e descobertas recentes.

7 - Existem bons livros de autores brasileiros que apresentam uma linguagem simples, mostram a diversidade de pesquisas realizadas e deixam claro que a arqueologia é mais do que "cavar buracos no chão" e viajar para locais desconhecidos. Ela é uma disciplina com um corpo teórico e métodos e técnicas próprias, que auxiliam o arqueólogo a interpretar os vestígios materiais encontrados. Vale conferir "Arqueologia Brasileira", de André Prous (UnB, 605 págs., R$ 68), "Arqueologia até Debaixo D'Água", de Gilson Rambelli (Maranta, 159 págs., R$ 20), "Arqueologia", de Pedro Paulo Abreu Funari (Contexto, 126 págs., R$ 21) e "Sambaqui - Arqueologia do Litoral Brasileiro", de Maria Dulce Gaspar (Jorge Zahar, 90 págs., R$ 19).

8 - Muitas das informações aqui relacionadas são o resultado dos trabalhos de arqueólogos preocupados com a responsabilidade social de sua profissão. Cientes de que a perspectiva educativa fortalece as ações preservacionistas, muitos arqueólogos têm procurado prover o retorno, de forma acessível, das informações científicas obtidas durante as pesquisas arqueológicas. Um dos reflexos mais visíveis dessa forma de atuação foi a criação, na Unicamp, do Núcleo de Estudos Estratégicos (www.unicamp.br/nee/arqueologia).

9 - Os estudos de impacto ambiental em arqueologia são necessários para que uma obra seja licenciada pelo governo e têm como objetivo a proteção do patrimônio arqueológico pré-colonial e histórico. A obrigatoriedade desses estudos foi instituída em 1986 e recepcionada pela Constituição em 1988, propiciando um vertiginoso crescimento no número de pesquisas arqueológicas. Seguindo os locais de implantação das obras, as pesquisas agora abrangem todos os Estados brasileiros e têm ampliado o conhecimento sobre o nosso passado.

10 - As pesquisas arqueológicas se desenvolvem em território nacional desde o século 19, quando as principais instituições de pesquisa eram o Museu Nacional do Rio de Janeiro, o Museu Paulista (ou Museu do Ipiranga) e o Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém. De lá para cá muita coisa mudou, principalmente com a instituição da obrigatoriedade da pesquisa arqueológica nos estudos de impacto ambiental realizados na implantação de empreendimentos potencialmente prejudiciais ao ambiente. Hoje, existem dezenas de instituições de pesquisa instaladas nas diferentes regiões do país.


Texto Anterior: Caminho das pedras: Em busca do passado perdido
Próximo Texto: Sociais & cias.: Com as próprias mãos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.