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Projeto sonha em traduzir toda a internet

Duolingo oferece cursos de línguas em troca de tradução de conteúdo da web; mais de 50 mil já se inscreveram

Usuários dos cursos on-line poderiam verter 3 milhões de verbetes da Wikipédia em um prazo de 80 horas

RAFAEL GARCIA
DE WASHINGTON

Um projeto inaugurado em fase experimental na semana passada proclama uma meta nada modesta: acabar com as barreiras de comunicação na internet impostas pelas diferenças de idiomas.

Idealizado pelo cientista de computação Luis von Ahn, 32, e executado por uma equipe de oito pessoas, o site Duolingo (duolingo.com) oferece cursos de línguas em troca de ajuda para traduzir conteúdo relevante da web.

Von Ahn, professor de computação da Universidade Carnegie Melon, de Pittsburgh (EUA), diz que o Duolingo é uma tentativa de captar a motivação que as pessoas têm para aprender novas línguas e usá-la para traduzir conhecimento que não está disponível em certos idiomas. O site da Wikipédia em espanhol tem apenas 22% do tamanho da versão em inglês.

Usando um sistema que picota textos grandes em sentenças e as redistribui como exercícios de tradução entre os alunos do curso, o Duolingo remonta tudo no fim e cria versões de um texto para outra língua aproveitando um mero efeito colateral do aprendizado. A ferramenta foi financiada pela Fundação Nacional de Ciência dos EUA, que investiu US$ 480 milhões no projeto.

Na fase experimental, iniciada há cinco dias, o projeto oferece apenas cursos de espanhol e alemão para quem já fala inglês. No fim do ano, devem ser incluídos francês, italiano e chinês.

Está previsto para março de 2012 o lançamento dos cursos de inglês para falantes de outras línguas, incluindo o português do Brasil.

"Sou guatemalteco e sei quantas pessoas na América Latina estão tentando aprender inglês, muitas sem ter dinheiro para isso", disse o pesquisador à Folha. "No futuro, queremos incluir também idiomas menos difundidos, mas temos que crescer de acordo com a demanda."

BOM POTENCIAL

Se depender das línguas mais procuradas, o projeto tem boa chance de decolar. Um exemplo disso é a empresa americana Rosetta Stone, líder no mercado de cursos de idioma em multimídia, que fatura mais de US$ 200 milhões por ano.

Nos cálculos de Von Ahn, uma pequena fração do público que hoje paga por isso -1 milhão de usuários- seria capaz de traduzir todos os 3 milhões de verbetes da Wikipédia que restam a ser vertidos do inglês para o espanhol em 80 horas no Duolingo. E sem grande esforço.

"Nos nossos testes, em média, cada aluno traduz cerca de 150 palavras por semana", diz. Nesse ritmo, 25 estudantes conseguiriam juntos traduzir um livro de 200 páginas em seis meses de curso.

Com mais de 50 mil pedidos de inscrição, porém, o Duolingo não deu conta da demanda. Por enquanto, só os primeiros a se registrar foram aceitos.

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