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Estética retrô marca novos games independentes

Fãs de 'Tetris' e 'Super Mario', produtores se apegam ao visual dos pixels

Geração que cresceu jogando videogames quer produzir títulos autorais que façam homenagens a clássicos

DE SÃO PAULO

Com a popularização da TV em preto e branco, nos anos 50, muitas pessoas imitavam os astros da telinha com tons acinzentados nas roupas e maquiagens, mesmo com milhares de cores disponíveis no guarda-roupa.

Sentimento de veneração semelhante acontece no mundo dos games: marcados por "Tetris", "Super Mario", "Zelda" e até mesmo "Pong" (um dos primeiros games do mundo), desenvolvedores independentes se apegam à estética retrô, 2D e pixelizada, mesmo que tenham acesso a tecnologias para produção de gráficos ultrapolidos e traços muito realistas.

"A escolha pelos gráficos [no estilo de] 8 ou 16 bits são, muitas vezes, motivadas por memórias sentimentais", diz Alex Neuse, criador da série retrô de games "Bit. Trip", inspirada em jogos do Atari. "Eu quis fazer um jogo autoral, com elementos dos títulos da década de 80 que marcaram a minha infância."

"Super Meat Boy", jogo indie para PC e Xbox 360 que vendeu mais de 1 milhão de cópias, é quase uma releitura de "Super Mario Bros.", como o nome denuncia.

"Quando fizemos 'Super Meat Boy', nós tentamos fazer Super Mario com nosso estilo, atualizar esse tipo de fórmula, mas manter a diversão e a dificuldade daqueles games", diz Edmund McMillen, cocriador do jogo. "Eu desenhava o Mario quando era criança, e agora as pessoas desenham o Meat Boy! É quase inacreditável."

REMIX

Jogos recentes, inspirados em clássicos de Super Nintendo e Atari, já são influência para outros games -motivo pelo qual a estética retrô não deve morrer tão cedo.

Um exemplo é "Terraria" (2010), misto de RPG e aventura com simulador de construção 2D, que vendeu 1,2 milhão de cópias para PC e chega "em breve" às redes do PlayStation 3 e Xbox 360.

Segundo Andrew Spinks, criador de "Terraria", parte da mecânica do game foi inspirada em "Minecraft" (2008), jogo indie de construção com blocos que já contabiliza 10 milhões de downloads e que, por sua vez, foi buscar elementos em "Dwarf Fortress" (2006) e "Dungeon Keeper" (1997).

NEGÓCIOS

A estética indie pode ser, em grande parte, inspirada no passado, mas é certo que, quando o assunto é modelo de negócios, não existe nada mais vanguardista no mundo dos games.

Nos últimos meses, sites como o recém-lançado indie

gamestand.com têm pipocado na rede. Serviços do tipo oferecem games no esquema "pague o que quiser". Uma porcentagem do dinheiro vai para caridade.

Grandes empresas estão escutando o barulho que os indies estão fazendo, e algumas já tentam abocanhar nacos do setor. A Valve lançou recentemente sua própria plataforma de financiamento a games independentes, e a EA começou a "apadrinhar" alguns desenvolvedores.

VIDEOGAME INDIE

A briga promete pegar fogo mesmo em abril de 2013, quando o console Ouya, que arrecadou mais de US$ 8 milhões no Kickstarter e funciona com Android, focado em games indies, chegar ao mercado mundial.

Os criadores dizem que estão conversando com cerca de 2.000 desenvolvedores e empresas que têm interesse em produzir jogos (retrôs e modernos) para o videogame.

(ALEXANDRE ORRICO)

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