São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2011

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ESPECIAL FOTOGRAFIA DIGITAL

O futuro é analógico?

Lomografia ganha popularidade no Flickr e atrai jovens em plena era das câmeras digitais; aproveitando a tendência, lojas de equipamentos fotográficos analógicos conseguem se manter

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na loja brasileira do lomography.com, site especializado em lomografia, há um aviso: "Devido ao grande volume de pedidos, poderão ocorrer atrasos na entrega. Estamos fazendo o possível para lhe atender da melhor maneira."
Se há suspeitas de que nunca existiram tantas câmeras de plástico, o dado pode apontar para uma confirmação.
Lomografia é como se convencionou chamar a fotografia praticada com câmeras analógicas de plástico que produzem imagens de alto contraste, distorções na cor e não permitem controle de foco.
O termo foi cunhado em 1991 pela empresa austríaca que começava a comercializar as câmeras fabricadas pela soviética Lomo. A falta de precisão e a facilidade de "não pensar, apenas clicar", são alguns de seus maiores atrativos.
Mas o fenômeno como conhecemos hoje vem na rabeira do Flickr e deve muito à sensibilidade marqueteira de seus representantes, que viram nas distorções produzidas pela Lomo o potencial para se tornar a linguagem hegemônica na rede social.
E embora a tendência geral da fotografia seja o exato contrário, o slogan da marca afirma: "O futuro é analógico".
Marco Antônio Bueno, da Pretti Cine Foto, vende materiais e equipamentos analógicos há 40 anos e não pretende se render à digitalização. "O analógico ficou para colecionadores e estudantes. Diria que a procura caiu 70% nos últimos anos, mas ainda há modelos, como a Pentax K1000, que venderíamos todos os dias se tivéssemos estoque."
Segundo ele, raridades como a Hasselblad e a Rolleiflex, que usam filme de formato médio, "se vendem sozinhas".
Mayra Xavier, dona do espaço fotográfico Consigo, conta que metade das pessoas que vão à sua loja atrás de filme são jovens que aderiram à Lomo.
Há 40 anos, Tuguo Ogava, 75, tem um laboratório de revelação. Os reveladores são misturados ali mesmo, e as ampliações, feitas uma a uma, por processo fotográfico.
Ogava diz ter abandonado a revelação de filmes coloridos no começo da década de 1990, "quando o minilab [laboratório de foto de dimensão reduzida] chegou para avacalhar". Hoje ele se restringe aos filmes preto e branco. Revela em média 15 filmes por dia.
O serviço é sua única fonte de renda. Ele cobra pelos filmes tirados em Lomo mesmo que não saia nada, porque "em 90% dos casos não sai", diz. (NATASHA FELIZI)


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