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Google discute uso de dados de usuários
Documentos internos mostram que informações seriam instrumentos para ampliar ganhos com publicidade
Memorando sugere à empresa "entrar no jogo" da concorrência; ideias são listadas como "seguras" e "inseguras"
BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Como o Google poderia reverter em ganhos financeiros
os dados deixados por usuários em cada um dos serviços
da empresa? Documentos internos obtidos pelo "Wall
Street Journal" mostram que
a companhia também se faz
essa pergunta.
Os documentos são do final de 2008 e, diz o jornal,
não chegaram às mãos de
executivos importantes da
empresa. Porém eles mostram o Google preocupado
com o mercado de publicidade on-line e com os avanços
da concorrência na exploração de informações e monitoramento das atividades de
internautas.
Um dos documentos sugere que a empresa "entre no
jogo". Ou seja, que ela coloque em prática métodos usados por outras companhias.
Coincidência ou não, em
março do ano passado, o
Google passou a instalar cookies nos computadores daqueles que visitam os milhões de sites que contêm
propagandas em forma de
banner vendidas pela empresa. Cookies são pequenos arquivos de texto que podem
ser usados para monitorar as
atividades de quem navega
pela internet.
Ao instalar os arquivos e
saber do que você gosta, a
empresa consegue fazer com
que as propagandas que aparecem na sua tela sejam muito mais específicas e direcionadas. A prática, porém, foi
refutada por muitos anos pelos fundadores da empresa
por andar no limite da invasão de privacidade.
Essa resistência atrapalhava os negócios, pois anunciantes buscam constantemente formas para personalizar propagandas e modos
para medir sua eficiência.
ASSUNTO DELICADO
O documento reconhece a
delicadeza do assunto. Logo
no início, ele diz que a personalização de publicidade
tem natureza sensível, pois
os usuários poderiam interpretá-la "da forma errada".
O memorando, que circulou dentro do Google com o
selo de "confidencial", afirma que as ideias discutidas
não seriam implementadas
sem considerar seus aspectos legais.
Posteriormente, as sugestões são listadas como "seguras" e "inseguras". Uma delas propõe que vários serviços do Google, como YouTube, Gmail e Orkut, contribuam com dados que permitam um alto grau de personalização de propagandas.
E elas poderiam "seguir" o
usuário em cada instante da
navegação. Imagine o conteúdo de um e-mail sendo
usado para vender produtos
e serviços em cada canto que
você visitar na rede.
Outra proposta permitiria
ao internauta fornecer dados
pessoais em troca de recompensas financeiras, como o
pagamento de sua conta da
internet.
Procurado pela Folha para comentar o assunto, o
Google emitiu uma nota que
diz: "A web não existiria no
formato atual sem propagandas relevantes, que beneficiam usuários, publishers e
anunciantes. A qualquer hora, existem muitas ideias
sendo debatidas energicamente dentro do Google. Isso
é bom porque nos ajuda a desenvolver novas ferramentas
inovadoras, como o Ads Preferences Manager".
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