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#PRONTOFALEI
LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br
E-mail não é mais a mensagem
ENQUANTO MUITOS pregam a substituição das mídias tradicionais pelas eletrônicas, poucos se dão conta de
que esse darwinismo digital
não se restringe às formas
centenárias de comunicação.
O e-mail, que já foi a única
mensagem digital, hoje caminha rapidamente para a aposentadoria.
Surgido na década de 1960
(sim, ele é bem mais velho do
que a web), o e-mail foi apresentado como um correio rápido e seguro. De lá para cá,
ele mudou pouquíssimo. É
certo que nunca sofreu a humilhação de ser passado para trás por um 2.0 qualquer,
mas entrou na decadência típica de quem acredita que o
que é popular é intocável. Afinal de contas o webmail, sua
única real evolução, só mudou o suporte da velha carta
com arrobas.
Enquanto isso a inovação
corria impiedosa. No final
dos anos 90 o ICQ deu o primeiro golpe sério. Uma forma
de comunicação instantânea
que permitia saber quem estava on-line parecia na época
um luxo, bobagem nerd. Mas
fazia sentido e, por isso, mesmo com soluções tortas como
a de usar número para identificação, a ideia pegou.
Mais ou menos na mesma
época surgiram as mensagens de texto por celular. Era
estranho escrever 88826666
7777025556666222222222222
22777 para convidar alguém
para almoçar, mas a mobilidade compensava. O SMS
mostrou para muitos que a
troca de mensagens não dependia mais dos PCs.
E nem de texto: com a banda larga, ninguém precisava
mais traduzir tons de voz em
emoticons quando podia simplesmente falar.
Enquanto a tecnologia
VoIP não substitui de vez as
linhas telefônicas, ela certamente diminui a necessidade
de trocar longas mensagens
de texto pela rede.
A lista não tem fim. Facebook, Twitter, Formspring,
Orkut, Foursquare e tantos
outros ambientes de conversas rápidas, diretas e móveis
aos poucos transformam o e-mail em um mastodonte burocrático e obsoleto. E mostram como o ambiente digital, por mais que pareça sólido, muitas vezes se desmancha no ar.
O fim não está próximo,
ainda se usa muito e-mail. A
maior parte dele para o envio
de comprovantes e documentos, como ainda tem quem
mande fax, e, claro, para a
propaganda indesejada.
Quem diria que burocratas,
advogados, bancos e publicitários seriam os defensores
do legado daquele que um dia
foi o sinal da liberdade de expressão na Internet?
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